Fadista português, antes de ganhar a sua eterna alcunha era conhecido por Alfredo Lulu por sempre se vestir bem.
Nasceu na freguesia de Santa Isabel numa família muito humilde a 29 de Fevereiro 1891, mas a mãe registou-o no dia do nascimento do pai, 25 de Fevereiro, devido à complexidade da data.
Quando o pai morreu, deixou a escola primária para se dedicar à profissão de encadernador para ajudar no sustento da família.
Sempre mostrou grande interesse e talento para as artes, principalmente a música, e desde cedo se juntou com os amigos para cantar o fado em locais públicos e populares, fazendo notar a sua voz e a capacidade de improvisar letras.
Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão. Assim seria possível ser bem sucedido nas duas actividades.
Alfredo ganhou o nome Marceneiro em 1920, quando um grupo de pessoas decidiu organizar uma homenagem a dois fadistas. Como só o conheciam como Alfredo Lulu, decidiram colocar o nome da sua profissão no cartaz. Depois disso Alfredo Marceneiro nunca mais largou o nome artístico.
Apesar de marialva e de todas as suas aventuras, a mulher da sua vida e aquela que pôs fim à sua vida de boémio foi Judite de Sousa Figueiredo, senhora que conheceu numa festa em que foi cantar, na Fonte Santa, e aquela que amou até ao fim da sua vida e com a qual teve três filhos: Carlos, Alfredo e Aida.
Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.
A 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso.
Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz.
Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinhas, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.
Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer.
No dia 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.
Marceneiro marcou uma época e o fado tornando-se através da sua voz inconfundível, uma das principais referências desta arte tipicamente portuguesa, como escrevia Alvaro do Amaral Netto:
Quando cantas, “Marceneiro”,
Com tua voz sem igual,
Vibra em ti a alma lusa,
Fala por ti, Portugal!...
1975: Morre São Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei.
Padre espanhol, destacou-se como fundador do Opus Dei, prelatura pessoal da Igreja Católica.
Dizia que o Opus Dei "é velho como o Evangelho e, como o Evangelho novo. Trata-se de recordar aos cristãos as palavras maravilhosas que se lêem no Génesis: que Deus criou o homem para trabalhar. Pusemos os olhos no exemplo de Cristo, que passou quase toda a sua vida terrena trabalhando como artesão numa terra pequena. O trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e um meio pelo qual os homens hão-de contribuir para o progresso da sociedade; é também um caminho de santificação" e assim o Opus Dei procura "ajudar as pessoas que vivem no mundo - o homem vulgar, o homem da rua - a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar o seu modo normal de vida, o seu trabalho habitual, nem os seus ideais e preocupações".
São Josemaría Escrivá planeava e m jovem ser arquitecto. No entanto, um encontro com um carmelita, que caminhava descalço sobre a neve num dia de inverno, provocou em si um sentimento muito forte, tomando, pouco depois, a decisão de ir para o seminário.Recebeu a ordenação sacerdotal em Saragoça, a 28 de Março de 1925. Iniciou a sua actividade pastoral em paróquias rurais, continuando-a posteriormente pelos bairros pobres e pelos hospitais de Madrid, onde realiza numerosas obras de misericórdia , e entre os estudantes universitários.
Toda a actividade desenrolada na sua vida está relacionada com o Opus Dei. Durante alguns dias de retiro espiritual em Madrid, São Josemaría Escrivá percebe que no seu tempo há uma mentalidade que reduz os santos a "habitantes de conventos". Mas a santidade é possível de alcançar através do empenho no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres ordinários. O Opus Dei seria então o caminho para o homem alcançar a santidade, segundo o qual, todos os cristãos tinham a obrigação de lutar por serem santos e que o chamamento à santidade é para todos sem distinção: leigos e religiosos.
Com o inicio da Guerra civil Espanhola, São Josémaría, que vivia e exercia o seu apostolado em Madrid, esteve várias vezes prestes a ser capturado por militantes republicanos a anti-clericais, e por essa mesma razão, acabou por se refugiar na Legação de Honduras e em diversos outros lugares. Mesmo durante a guerra dedicou-se clandestinamente ao trabalho pastoral.Com o fim da guerra civil retorna a Madrid e inicia a expansão de seu trabalho apostólico em outras cidades da Espanha. O início da Segunda Guerra Mundial impede o começo do trabalho em outros países.
Durante o período imediato do pós-guerra na Espanha, crescem as incompreensões por parte daqueles que não entendem o "chamamento universal à santidade" pregado pelo Fundador do Opus Dei. Por essa razão, o Opus Dei e o fundador foram várias vezes vítimas de calúnias e duras criticas por parte de pessoas que não compreendiam o espírito da organização, muitos achando-a demasiado progressiva para o seu tempo. Efectivamente, enquanto apresentava os moldes essenciais do Opus Dei na Cúria Romana, um Cardeal disse-lhe que "tinha chegado com um século de antecedência". É curioso ver a evolução da história: se antes era vista como progressista, hoje é vista como extremamente conservadora.
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Escrivá mudou-se para Roma, sede da Igreja Católica, deixando claro que o Opus Dei era universal, destinado a todos os homens de todas as nacionalidades de todos os tempos. Preocupava-o o facto do Opus Dei não ter um enquadramento jurídico e por isso considerava que, ao instalar a sede junto da Cúria, estaria mais perto desse objectivo. No entanto, tal coisa só nos anos 80, através do Papa João Paulo II e já depois da sua morte.
Em 1948 erige em Roma o Colégio Romano de Santa Cruz, destinado à formação de homens do Opus Dei provenientes de todas as partes do mundo. O Papa Pio XII concede, em 1950, aprovação definitiva ao Opus Dei permitindo, então, o ingresso de pessoas casadas na instituição. Em 1953 erige o Colégio Romano de Santa Maria, centro internacional para a formação espiritual, teológica e apostólica de mulheres do Opus Dei.
Durante os mais de 25 anos em que viveu em Villa Tevere - nome do complexo de edifícios que constituem a Sede Central do Opus Dei - São Josemaría Escrivá trabalhou intensamente quer no governo do Opus Dei quer no apostolado junto dos seus membros. Principalmente a partir de 1970 realizou várias viagens pela Europa e América do Sul, tendo ficado célebres pelas conferências que produzia, que tinham lugar em grandes auditórios com várias pessoas, membros e não-membros do Opus Dei, onde, contava histórias, respondia a perguntas e exortava a um contacto pessoal mais íntimo com Deus.
Morre a 26 de Junho de 1975, e o seu corpo encontra-se sepultado na Igreja de Santa Maria da Paz, na sede central da Prelatura, em Roma.
Após o seu falecimento, 69 cardeais, cerca de 1300 bispos de todo o mundo e 41 superiores de congregações religiosas, dentre outras personalidades, pediram ao Papa o início da causa de sua beatificação e canonização. Em 12 de maio de 1981 foi aberto o processo de beatificação de Josemaria Escrivá. A 9 de Abril de 1990 o Papa João Paulo II declarou a heroicidade de suas virtudes cristãs, e a 6 de Julho de 1991 decretou o carácter milagroso de uma cura atribuída à sua intercessão. Foi beatificado em 17 de maio de 1992.
Em 6 de Outubro de 2002 foi canonizado pelo Papa João Paulo II, através de novo decreto pontífice, que reconhecia o carácter milagroso de uma segunda cura atribuída à intercessão do Beato. Assim, todos os anos desde então, no dia 26 de Junho, a Igreja celebra o dia de S.Josemaria Escriva.
Sobre ele João Paulo II disse: São Josemaria foi um mestre na prática da oração, o que considerava uma extraordinária "arma" para redimir o mundo. Recomendava sempre: ""Primeiro, oração; depois expiação; em terceiro lugar, muito "em terceiro lugar", acção"" (Caminho, n. 82). Não é um paradoxo, se não uma verdade perene: a fecundidade do apostolado reside, antes de tudo, na oração e em uma vida sacramental intensa e constante. Este é no fundo, o segredo da santidade e do verdadeiro êxito dos santos. (Da homilia na missa de canonização).
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