Friday, November 30, 2007

O Perigo do Não Saber

É preocupante a confusão etimológica que se verifica nos dias de hoje.
Não é só uma questão de gramática. Essa já bem pontapeada foi e continua a ser. Hoje podemos perfeitamente passar na rua, no trabalho, ou em qualquer lado, que parece que a escolaridade deixou de importar para quem quer que seja, e perdeu mesmo a sua importância na sociedade. Já não é ela factor de divisão social. Pode ser uma mulher que nunca foi à escola, ou uma que passou lá a vida. Não se consegue já evitar a sujeição dos nossos ouvidos a atentados como "quando opõem-se" ou "dissestes algo?", já para não falar do "né", que não deve ser mais do que a simples contracção de não+é, que eu não sabia possível. Há que se notar que no entanto é este problema linguístico que ainda mantém vivo aquele hábito popular, geralmente verificado a norte do país, em que o povo, se dirige aos tribunais, em dia de julgamento, só para ouvir o chamado "português de lei".
Mas o ponto central deste post, tem a ver mais com o problema etimológico que gramático.
É fácil, parece-me, notar a banalidade com que as palavras são usadas. Elas já não têm um significado, mas vários. Mas o problema reside na natureza destes significados novos, que geralmente residem no sujeito A, B ou C, ou seja, varia de pessoa para pessoa. É um relativismo linguístico. E penso que é preocupante.
Poderá este provir do mesmo relativismo que corroí a sociedade de hoje?
Claro! Sem dúvida nenhuma. É fruto da mesma fonte. Aquele afogar da sociedade no "segue o teu coração", no "ok! para ti é isso, mas para mim é isto", e mesmo o velhinho (e isto claro é um exemplo casuísta) "gostos não se discutem", teimam em fazer do mundo de hoje, um mundo de excepções e sem regras, em vez de um mundo de regras com algumas excepções.
Exemplo disso mesmo, e penso que não haverá melhor no tempo corrente, é o do uso banal de palavras como fascismo, ditador, totalitário, etc. como se cada uma não tivesse um significado próprio, com base em características suas, que as tornam únicas?
Ai sujeito A não deixou a filha falar casar com B."Esse homem é um ditador".
A despede o seu trabalhador B por B não fazer nenhum."A é um Fascista!"
Um governo é autoritário. "Esse governo é Fascista e Totalitário!".
O mesmo se passa por exemplo com a palavra direita.
"Se é de direita, é fascista!"
Dá-se uma conotação imediata. Uma associação imediata a ideias pré-concebidas e que dão azo a generalizações sem sentido e desnecessárias, de que este é exemplo este mesmo desenho:

Porque a ajudar é preciso, e nunca é tarde de mais...



A Conferência de Nossa Senhora de Lourdes pertence à Sociedade de São Vicente de Paulo e está inserida na comunidade Paroquial de Santos-o-Velho.

Temos como responsabilidade, um vasto trabalho no campo da caridade e Acção Social na nossa Freguesia. O nosso objectivo é proporcionar o conforto mínimo e alguns bens essenciais como: a habitação, a alimentação, a farmácia e os estudos aos nossos paroquianos em maior dificuldade. Procuramos dar resposta nestes campos a cerca de cento e cinquenta famílias, sendo a maioria constituídas por pessoas envelhecidas do bairro da Madragoa.

Para conseguirmos dar resposta a todos estes casos e outros que nos surjam, a nossa principal fonte de rendimento para o ano é a nossa Venda de Natal, que este ano será entre o dia 24 de Novembro e 16 de Dezembro.

O sucesso desta Venda será decisivo para conseguirmos desempenhar a nossa missão durante o próximo ano.

Agradecemos a grande ajuda de uma importante cadeia de hipermercados, um produtor de mel, uma fabrica de velas e de muitas pessoas que com a sua generosidade nos enviaram vários objectos.

Esperamos ainda a resposta de uma fábrica de chocolates, um produtor de café e uma fábrica de bolos.

Durante o período serão sempre aceites mais objectos.

A vossa visita será muito importante para conseguirmos ajudar quem mais precisa.

Com Amizade

Pela Conferência

SM

Thursday, November 29, 2007

Aqui vai a minha quinta linha da página 161

E em género de sanção compulsória, em vez de um envio três para compensar.


"(...)aquela que o salvara! Serva subtilmente leal! Fora ela que,(...)"

Esta primeira frase é retirada da página 161, da obra Contos de Eça de Queiroz.
O conto intitula-se A Aia.

o parágrafo de onde retirei a seguinte frase é o segundo da página anteriormente citada(Edições Livros do Brasil, 2002).

Aqui fica o próprio, para compreensão da própria frase.

"(...)

Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de marfim vazio, muda e hirta, aquela que o salvara! Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa, emergindo da sua alegria extática, abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã do seu coração... E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o reino.
(...)"


De outra obra, retirei:



"(...) -lhe o credo venal com todo o poder de sedução(...)"

Esta frase foi retirada da Obra de Joaquim Paço D'Arcos, Ansiedade, página 161, quinta linha.

Ela vem no seguimento do parágrafo iniciado na página anterior, e é neste que termina o XVIII capítulo, que passo a transcrever, acompanhado do anterior:

"(...)

Ela não tem outra mensagem a transmitir-lhe além daquela. Só a sinceridade a resgata um pouco do impudor. Debruça-se sobre ele, quase comovida: — Toy, eu não quero que tu voltes para África, fui eu em parte que te arranjei esse lugar, aceita-o, deixa-te de pieguices.
Tem quase lágrimas nos olhos. Passa-lhe na voz que implora um sopro ardente do amor inconfessado. E ele, ao vê-la nivelada à baixeza geral, integrada nesta a ponto de aceitar como bom tudo que para ele é reles, ao notar a sua insistência, ao medir o empenho apaixonado que põe em o reter, sofre duas revelações, tão estranhas, tão inconciliáveis uma e outra, que se recusa a aceitá-las e pede ao pensamento que suspenda a marcha porque ele não pode mais acompanhá-lo: Ela não foi cúmplice do Vidal, do Carlos e da quadrilha, mas legitima os seus actos, solidariza-se com o procedimento que tiveram e vale tanto como eles. Ela não vale nada, mas ama-o; não lho confessa, mas a sua voz não o disfarça, o gesto que implora não o esconde, o olhar humedecido não o oculta. Ama-o e incute-lhe o credo venal com todo o poder de sedução que irradia do seu ser de encanto e de volúpia. Ama-o e não é digna do amor alevantado que, para ela, ele em êxtase ergueu, do amor escondido com que a adorava, feito de respeito, de ternura e de sonho. Ama-o e não é digna do amor.
(...)"


Por ultímo, passo a transcrever a quinta linha da página 161 da obra de Fiódor Dostoiévski, Os Irmãos Karamázov, que inicia o 7º capítulo:


"(...)eles feito prisioneiros e coagido, sob ameaça de uma morte dolorosa(...)"

Pertence esta ao primeiro parágrafo do capítulo , de seu nome «A controvérsia»:

"(...)

A burra de Balaão, porém, de repente falou. O tema de que calhou falar era estranho: Grigóri, enquanto recebia a mercadoria na venda do comerciante Lukiánov, ouviu dele a história de um soldado russo que, algures muito longe daqui, na fronteira com os asiáticos, foi por eles feito prisioneiro e coagido, sob a ameaça de uma morte dolorosa e imediata, a renunciar ao cristianismo e a converter-se ao islão; não renunciou à sua fé e aceitou o martírio — deixou que o esfolassem vivo e morreu glorificando Cristo. Foi essa a façanha que o jornal do dia publicara. Foi disso também que Grigóri falou ao almoço. Fiódor Pavlovitch, no fim da refeição, à sobremesa, gostava sempre de conversar, nem que fosse com Grigóri. Ora, desta vez estava numa disposição de ânimo relaxada, todo repimpado, a bebericar conhaque e a ouvir a notícia. Observou que era necessário canonizar imediatamente aquele soldado, fazer dele um santo, e transferir a sua pele esfolada para qualquer mosteiro. «Então viriam chusmas de povo e montões de dinheiro.» Grigóri franziu a cara, ao ver que Fiódor Pávlovitch não se tinha comovido absolutamente nada e ainda por cima, como era seu costume, começava a blasfemar. De repente, Smerdiakov, que estava junto à porta, soltou uma gargalhada. A este propósito, diga-se que já antes deixavam que Smerdiakov ficasse perto da mesa no fim ao almoço. Ora, desde que Ivan Fiódorovitch veio para a nossa cidade, o lacaio comparecia quase sempre ao almoço.
(...)"

Aqui ficam então alguns dos meus gostos.
Devo dizer que gosto e muito de qualquer um dos livros citados. Mas devo também recordar que foram todos escolhidos aleatoriamente, de entre um molho vasto de romances e outros livros que se encontram atravessados na minha estante.
Um agradecimento ao Mário por esta oportunidade, e se da parte do Nonas vier um comentário às minhas escolhas, tanto bom como mau, seria uma honra recebê-lo.

Wednesday, November 28, 2007

'Tá mas é calado ó Pá!



Foi um duelo bem mais interessante este que o de Santana e Sócrates. Do mesmo género, mas com mais efeitos futuros
Não me preocuparei a dizer se a atitude do Rei de Espanha é censurável ou não.
Sei que, como lembrava o José Júdice, o Rei não se limitou a mandar calar Hugo Chavez por ser comunista. Se fosse uma mera questão de ideologias, porque razão se preocupou com os “fascistas espanhóis”?
Lamento, mas não vou na conversa do Daniel Oliveira, que bem quer fazer crer que Hugo Chavez é um mero presidente venezuelano democraticamente eleito, e que fala pelo povo Venezuelano. Chavez fala pela sua própria voz e ao povo, a única coisa que é admitida, é concordar com ele.
A Venezuela é um país riquíssimo. Especialmente em petróleo. E por isso cobiçado por muitos. E Chavez sabe disso. É por essa mesma razão que tem o desplante de se achar dono do mundo, e de dizer aquilo que quer, sem se coibir de insultar, criticar, etc.
E é por isso meus amigos, que considero que Juan Carlos esteve bem. Porque pouco se preocupou com o petróleo venezuelano e se a sua figura é meramente simbólica e diplomática - como defende Daniel Oliveira - e saiu em defesa do seu compatriota e ex-primeiro-ministro Aznar, e a colocar Chavez no seu devido lugar.
Teriam, alguns dos nossos chefes de Estado, coragem para o fazer?
Escusado será lembrar o que foi dito no estrangeiro nos últimos tempos sobre a polícia portuguesa, sobre um diplomata português, e até mesmo sobre o povo português.
E com isso alguém se importou?
Do recente episódio espanhol, resta agora Chavez e a sua patetice (veremos que consequências trará), que depois de se querer mostrar poderoso na cimeira ibero americana, e depois de sair humilhado por sua própria culpa, esperando que todos lhe beijassem os pés, como se todos lhe devessem e ninguém lhe pagasse, vai mais uma vez mostrar os seus tiques autoritário e dificultar e limitar ao máximo a vida das empresas espanhola presentes em terras venezuelanas.
Como diria Rosa Pedroso Lima, no Expresso desta semana, Chavez “teve um adversário. à altura”.

Um Pedido de Desculpas

Devo um pedido de desculpas a todos os que visitam simpaticamente este blog. Pelos mails que recebi e ficaram sem resposta ás correntes literárias que a responderei já de seguida, mesmo com 10 dias de atraso.
A falta de novidades nesta casa deve-se, em parte, à falta de tempo. No entanto o motivo principal que me afastou deste meu pequeno espaço foi mais uma das consecutivas falhas de internet de que sofro.
Cabe-me agora, postar o que ficou por postar, e reavivar este espaço, que deve a sua ilustre conotação e reputação, mais aos que a visitam do que ao que eu escrevo.
A todos, um sincero pedido de desculpas por tal falta de amabilidade de que fui protagonista, pedindo apenas um pouco de clemência por nem sempre estar nas minhas mãos a minha presença neste espaço.

Saturday, November 10, 2007

Um pouco mais de intervenção!

Já que a "oposição" não o faz, alguém registado no you tube, dá-nos a conhecer uma música de um tal MC Mokas sobre o governo de José Socrates.
Aqui fica.

O Luís Mal Amado

Não é primo.... é mesmo o próprio ministro dos negócios estrangeiros.



Sim! Luís Amado ficou mesmo pendurado!

Mais uma...



Eu acho que o conceito de greve até pode ser muito bonito dependendo do ângulo por onde ela se observa. Olhando-a como suspensão voluntária e colectiva do trabalho por um conjunto de pessoas por motivos de ordem laboral, ela é concretamente uma manifestação. Porque o simples facto de suspenderem temporariamente a actividade laboral nunca é suficiente. É preciso fazer barulho. E este barulho até parece bonito, se for visto de um certo ângulo: os trabalhadores saem à rua pelos seus direitos, e em marcha pelas ruas da cidade, recolhem apoiantes, amigos e associados à causa que manifestam, demonstrando a justiça e a não solidão na luta contra a injustiça de que são vitimas. Ui, que romântico....
Ora sinceramente, para mim a manifestação e/ou greve não é nada mais do que demonstração de poder. Demonstração de poder por partes dos Sindicatos, que movem os trabalhadores para causas que por vezes eles até desconhecem, ou mesmo que justas não têm razão de ser.
E não têm razão de ser, primeiramente porque para o governo é indiferente. Escusado será lembrar as palavras de Sócrates sobre a manifestação na Covilhã.
Em segundo lugar, porque os que têm que trabalhar e querem trabalhar, uns porque não são funcionário públicos ou mesmo outros sendo-o, têm o direito a que a sua vida não seja afectada. E quantos não têm sofrido de vários problemas nestes dias devido aos cortes de trânsito na cidade, etc.
Em terceiro, e agora a pensar particularmente nos estudantes, que deveriam ser uma das prioridades do nosso país, quem se responsabilizará por eles se, no caso de a grave atingir um elevado grau de participação, não tiverem aulas, ou os universitários, se a faculdade não abrir em dia de frequência?
E já não falo de hospitais e outros serviços básicos.
É que a greve não é só o bonito movimento a favor dos direitos dos trabalhadores. A greve é muito mais do que isso. Ela afecta toda a vida social, e eu gostava de saber que direito tem ela nisso?
O que vem no artigo 57º da Constituição?
Então e as outras pessoas que não participam nem têm nada a ver com a greve?
A constituição também tem artigos que os legitimiza.Por exemplo a saúde, a que tão curta referência fiz à pouco, é tutelado pelo artigo 64º da constituição.
A culpa bem sei que não é dos trabalhadores. A culpa é de quem lhes pôs esta arma nas mãos. No fundo assim é mais fácil. Deixa-se o povo ao molho e à briga em luta de interesses, uns de trabalho, outros de direitos, acompanhados pelo Estado de Providência para o dia em que não se trabalha, enquanto o governo vai fazendo o seu plano reformador, em que pouco importa o português, e o alto grau de satisfação será, criar um país que ainda não se percebeu bem que características terá. É porque o economicamente viável não faz sentido quando se pensa construir aeroportos caríssimos em má localização. O Estado social também não quando se fecham clínicas e maternidades. Ou a glória Europeia, quando se está no fundo, e se serve apenas de embuste para a criação de um tratado europeu que nos vem subjugar ainda mais à Europa, mesmo sem termos condições para tal.
No fundo, como diria Sócrates, "é a festa da democracia".

Qual Lenine, qual Marx, qual quê...

(Jerónimo de Sousa encarnado num do seus heróis históricos)

"o capitalismo e os seus defensores mistificam a história e alcance da Revolução de Outubro, tentam arredar do sentir e do pensamento do ser humano o sonho e a utopia por saberem que o socialismo não é utopia, não é só uma possibilidade. O socialismo é a alternativa ao capitalismo e ao imperialismo"

Depois disto, fico contente em ler a engraçada análise sobre o PCP e a Revolução de Outubro do ZMD.

Thursday, November 08, 2007