Tuesday, February 27, 2007

Enfim...

Passaram já mais de duas semanas do referendo sobre o aborto.
Tempo mais que suficiente para deixar a poeira assentar - e parece-me a mim que ela assentou mesmo, visto que já ninguém fala de tal tema. Algo que também não é estranho neste país.... - e reflectir de forma ordeira sobre ele, deixando para traz as guerrilhas de ontem.
O sim venceu. Venceu e não há nada a fazer. A lei já começou a ser elaborada pelo próprio primeiro-ministro e, quer seja ou não vinculativo, o resultado do referendo vai ser tornado lei.

Conclusões:

1º O não perdeu de uma forma que pode parecer a muitos um pouco estranha. Uma campanha grande, elogiada pelos próprios adversários, obteve como resposta uma votação contrária às suas esperanças. Porquê? Razões variadas desde a cultura irresponsável e do "põe a jeito", até à oposição reforçada com a presença do primeiro-ministro, e que tornou desde logo a guerra ainda mais difícil;

2º o referendo nada ganhou e, pelo contrário, só perdeu credibilidade. A campanha pouco clara e mesmo obscura de quem defendeu o Sim, foi meio caminho andado para obterem um resultado positivo. Uma campanha que além de mentiras, omitia partes bastantes verdadeiras e até cruéis de um tema que suscita dúvidas, se revela pouco conhecido e bastante polémico é o sinal de que a democracia nada ganhou com este referendo. A liberdade de escolha deve basear-se em factos verdadeiros e não em mentiras ou ideias falseadas, tal como se verificou e ficou provado pelas palavras de Fernanda Câncio no artigo que escreveu no jornal Público;

3º a votação de menos de 50% da população reflecte o estado do país. Todos estão cansados. Já ninguém acredita em nada. A política começa a perder a sua força. Estas campanhas mentirosas, baseadas em promessas não cumpridas e factos omitidos ou aldrabados faz, não só com que ninguém perceba o que está realmente em questão, como torna as pessoas descrentes em relação ao futuro. Muitos não sabiam em que votar, outros sabiam e não o fizeram por já sabiam como irá ser o futuro, outros não sabiam e votaram, etc. Para além de saírem sempre os mesmos beneficiados, os outros desinteressam-se, e por vezes, até os sonhos se desvanecem...;

4º a luta do não mantém-se igual há de sempre: que nenhuma mulher aborte porque ninguém a ajudou. Porque estas causas não são referendáveis, não é porque o sim ganhou que se deixa que uma mulher aborte sem nada se fazer. O aborto é uma coisa má. E não é por deixar de ser punido que passa a ser bom. Não se luta só porque é proibido - não só porque a mulher é presa - mas porque há vidas em jogo. Porque o sim era o esquecer os problemas, porque a vitória do sim não os apaga mas esconde-os. Como dizia o professor João César das Neves:"Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos.";

5º a luta do sim acabou: conseguiram aprovar a lei que pretendiam - apesar de ninguém me tirar da cabeça que este é o principio daquilo que será a luta pelo aborto livre até aos 10 meses - o que significa que a partir de hoje, na futura história de Portugal, as mulheres poderão para sempre abortar (pelo menos até às 10 semanas) pois ninguém contestará o resultado deste referendo. Ou mesmo que essas vozes de protesto comecem a surgir, elas nunca serão da oposição politica que o actual governo tem, pois a chamada "direita" como todos decidem chama-la nunca conseguiu - se é que alguma vez tentou - continuar a lutar até obter o resultado pretendido, e neste como em muitos outros casos, o contrário ao obtido, mas isso é outra conversa....

Sunday, February 25, 2007

E ontem foi dia de São Carlos...



Inicio do III Acto de DIE WALKÜRE (A Valquíria) de Richard Wagner, intrepertada pela Filármonica de Berlim.

Esta ópera estará no Teatro São Carlos nos dias 24, 26 e 28 de Fevereiro e 3, 5, 8 e 10 de Março intrepertada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa.
A Valquíria é a segunda ópera da tetralogia Der Ring des Nibelungen (o Anel do Nibelungo) do compositor alemão.

Monday, February 19, 2007

A Esquerda que perdeu o monopólio da comunicação e o Dr. JNP



Acho muito engraçada esta polémica em torno do Programa dos Grandes Portugueses.
Ainda ontem enquanto via um programa de televisão onde um dos militantes do bloco de esquerda afirmava que era "anti-democrático" o documentário que o Dr. Jaime Nogueira Pinto fez sobre o Dr. Oliveira Salazar, visto ser um "acto de glorificação e de propaganda à ditadura salazarista" e "um insulto à memória nacional".
Outro bloquista, num blog aqui na internet, faz ainda questão de afirmar que a "RTP não tem de ser neutral nesta matéria" e que a a mesma RTP "deve pedir desculpas a todos os que morreram foram torturados e fugiram do país durante a ditadura".

Respondendo a acusações destas, em nome da verdade, começo em primeiro lugar por fazer uma referência à definição de democracia - do Gr. demokratía s. f., sistema político fundamentado no princípio de que a autoridade emana do povo (conjunto de cidadãos) e é exercida por ele ao investir o poder soberano através de eleições periódicas livres, e no princípio da distribuição equitativa do poder;país em que existe um governo democrático; governo da maioria; sociedade que garante a liberdade de associação e de expressão e na qual não existem distinções ou privilégios de classe hereditários ou arbitrários.

Ora se há liberdade de expressão e, como vimos, ela é parte integrante da democracia, é possível que todos tenham a sua e que não é anti-democrático mostrá-la com toda a certeza. A neutralidade da RTP participa deste ideal. Não censurar opiniões, e contribuir para a educação das consciências, não contanto só aquilo que querem que conte e omitindo outra parte da história.

Quanto ao documentário em questão, penso que há duas questões em ter em conta: em primeiro lugar não se trata de glorificar Salazar ou o Estado Novo. Trata-se de afirmar coisas que a "história" procura esconder. Desde o 25 de Abril, que a história se concentra num homem mau, num ditador, num inculto e num rural.
Para além da actual historia conter mentiras, ela esconde a outra face de Salazar e o bem que fez pela nação.
Em segundo lugar é o aspecto de o programa começar exactamente com a apresentadora, Maria Elisa, a afirmar que o Dr. Jaime Nogueira Pinto vai contar a historia de António de Oliveira Salazar sem esquecer o que de mau aconteceu no país.

Retomando o tema da RTP e a afirmação de que ela "deve pedir desculpas a todos os que morreram, foram torturados e fugiram do país durante a ditadura", para fazer o seguinte reparo: então e não deveria, se seguirmos o mesmo raciocínio, pedir ela desculpas a todos os que morreram, foram roubados e tiveram que fugir do país quando aconteceu o 25 de Abril?

Parece-me que a esquerda começa a perder o monopólio da comunicação. A anti-democracia que eles pretendem que exista e subsista para que o país se mantenha "educado" à sua maneira pode ter os seus dias contados. É verdade que Salazar não fez tudo bem (como nenhum homem nunca o fará), mas também me parece que isso não é razão para que a história só seja feita de uma parte do que aconteceu.

Sunday, February 18, 2007

Oh Senhor Doutor!



Dá-me um certo gozo isto.

Ontem enquanto via televisão, ouve um senhor que ligou para um daqueles programas de opinião pública que há muito neste país com o objectivo de falar do estado da nação, e que disse qualquer coisa como o seguinte:

"Eu ajudei no 25 de Abril, mas nunca pensei que isto chegasse onde chegou. Volta António por favor, estás perdoado!"

Seria o Guterres?

E esta hein?

Ups... Descuidou-se!



Sinceramente: depois de meses de campanha, se havia assunto mais maltratado e mais observado por todo este país, esse assunto era sem qualquer dúvida o aborto.

No entanto, e dado por fim o resultado do referendo, que apesar de não vinculativo, serve para fazer o que o PS deseja (também o que seria de esperar), há quem possa gozar com a cara dos Portugueses. No Retirado de DN de dia 16/2/2006, lê-se a seguinte frase:

"E mais: ia jurar que estamos todos - e todas, sobretudo -muito fartos que nos digam o que é bem e o que é mal. Foi sobre isso o referendo, sabiam?"

É engraçado como depois de se dizer que o referendo servia apenas para discutir uma alteração no código penal, e de todos se afirmarem contra o aborto pois este é uma coisa má, Fernanda Câncio dá uma autentica chapada nos portugueses, como se dissesse "enganei-vos bem não foi?". O mais fabuloso de tudo é que pretende vitimar-se em tudo isto, nunca afirmando (como seria óbvio) a mentira que pregou durante toda a campanha.
Contradizendo-se da forma mais falsa que há, afinal prova que quem estava certo somos nós.

Pena é nunca ninguém ver a verdade quando ela realmente se joga.
Agora a faca e o queijo estão do lado de lá!

Deambulando de Madrugada



Se há coisa que gosto na manhã é o Silêncio.
Se existe, existe na madrugada.
Durante o dia cala-se e deixa o ruído governar.
Depois manda-o deitar
E chega a sua vez de comandar.
Oh, e sabe tão bem!
Durante o dia há a ventania,
Ou a chuva da melancolia,
Há a televisão do vizinho
Com as historias de um desgraçadinho,
Há a rádio de um homem sozinho,
Geralmente Velhinho,
Acompanhada pelo chilrear de um passarinho.
Há o bafar de um cachimbo,
Ou a euforia do "bimbo" a festejar o golo da sua equipa.
Há a histérica "madame" com o seu género peculiar,
Ou a ex-peixeira que fala sempre a gritar.
Há carros, motas, táxis, camionetas e afins,
Há milhões de pessoas que não olham a meios para alcançar fins.
Há o eléctrico da Estrela,
Há o automóvel do sapateiro,
Há barulho. Há barulho!
Há barulho no mundo inteiro.
Há gente.
Gente que sente.
Gente que faz sentir.
E que como não sabem onde querem ir,
De madrugada preferem ficar a dormir.

Sunday, February 11, 2007

Here I Am Waiting To Hold You

Num dos dias mais importantes para o país, eu aguardo a resposta final! Qualquer que ela seja, eu aqui estarei para a abraçar. Espero de mangas arregassadas, pois se perder há muito a fazer e, se ganhar ainda há mais.



On the floating, shipless oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."
Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning, broken lovelorn on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?
Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."

How Do You Keep Love Alive



Esta música é uma homenagem a Ryan Adams: o seu grande compositor.
E ainda por cima é intrepertada por outro grande artista!

Fica aqui a letra:

Lord, I miss that girl
On the day we met the sun was shining down
Down on the valley
Riddled with horses running
Crushing them with flowers
I would have picked for her
On the day she was born
She runs through my veins like a long black river
And rattles my cage like a thunderstorm
Oh my soul

What does it mean?
What does it mean?
What does it mean to be so sad?
When someone you love
Someone you love is supposed to make you happy
What do you do
How do you keep love alive?
When it won't
What, what are the words
They use when they know it's over
"We need to talk," or
"I'm confused, maybe later you can come over"
I would've held your mother's hand
On the day you was born
She runs through my veins
Like a long black river and rattles my cage
Like a thunderstorm
Oh, my soul
What does it mean?
What does it mean?
What does it mean to be so sad?
When someone you love
Someone you love is supposed to make you happy
What do you do
How do you keep love alive?
When it won't

If I am a stranger



For all the hours here that move too slow
There's all this letting go, that don't pass
If all this love is real, how will we know?
If we're only scared of losing it, how will it last?

If I am a stranger now to you
I will always be, I will always be
Stronger now then me, stronger then you
Our love will always be
And if we let it go, I will try to be there for you
If I can, what if I can't?

Today is yesterday when you don't know
How to rebuild the walls that someone has knocked down
To tell the truth it's hard enough about a lover
Who you want to hide your darkness from
So they won't let you down

If I am a stranger now to you
I will always be, I will always be
Stronger now then me, stronger then you
Our love will always be
And if we let it go, I will try to be there for you
I will try and be there for you
If I can, what if I can't?

For all the hours here that move to slow
There's all this letting go, that won't pass
If all this love is real, how will we know?
And if were only scared of losing it, how will it last?

If I am a stranger now to you
I will always be, I will always be
Stronger now then me, stronger than you
Our love will always be
If we let it go, I will try to be there for you
I will try to be there for you
I will try to be there for you

Uma grande Música de Ryan Adams

Friday, February 09, 2007

A Républica II




Liberdade -do Lat. libertate; s. f.; faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa; gozo dos direitos do homem livre; independência; autonomia; permissão; ousadia; (no pl. ) regalias; (no pl. ) privilégios;(no pl. ) imunidades.
- de consciência: direito de emitir opiniões religiosas e políticas que se julguem verdadeiras;

- de imprensa: direito concedido à publicação de algo sem necessidade de qualquer autorização ou censura prévia, mas sujeito à lei, em caso de abuso;

- individual: garantia que qualquer cidadão possui de não ser impedido de exercer e usufruir dos seus direitos, excepto em casos previstos por lei.


Libertinagem - s. f., devassidão; vida de libertino; os libertinos.


Libertino -adj. e s. m. do Lat. libertinu, filho de liberto; adj. e s. m., devasso; dissoluto; desregrado; lascivo; ímpio.

Numa data já passada, enquanto debatia na Internet, um dos intervenientes, em vez de debater, teimava em colocar artigos (fazendo copy-paste) na página, o que para além de ser mau para o debate - pois aquilo mostrava que ele em vez de pensar limitava-se a colar ideias de outros (ainda por cima, algumas delas falsas) - tornava a discussão demasiado longa. Outro dos intervenientes, depois de já estar farto daquela colagem massiva de posts, decide então alerta-lo da opinião dos outros participantes e pede-lhe que pare com aqueles copy-pastes.
No entanto, parece que o indivíduo não gostou de ouvir tais palavras e, para além disso desatou a afirmar que é um homem democrático e que cada um deve poder fazer e afirmar aquilo que quer, pois isso é que é viver democraticamente.
Ora esta afirmação deixou-me perplexo.
Se a democracia fosse dizer e fazer tudo aquilo que nos apetece então meus amigos garanto-vos que este país é para além de um óptimo censurador, um grande castrador.
Termino então com a frase de Ricardo Araújo Pereira, "Ninguém me convence de que eu não posso dizer aquilo que bem me apetecer, desde que não extravase os limites da liberdade de expressão".
Mas atenção: não só ele, nem só um dos lados, mas sim todos.
A liberdade também tem um pnto final.

Saturday, February 03, 2007

Teoria da Não Evolução II

Ui....



Liberdade -do Lat. libertate; s. f.; faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa; gozo dos direitos do homem livre; independência; autonomia; permissão; ousadia; (no pl. ) regalias; (no pl. ) privilégios;(no pl. ) imunidades.
- de consciência: direito de emitir opiniões religiosas e políticas que se julguem verdadeiras;

- de imprensa: direito concedido à publicação de algo sem necessidade de qualquer autorização ou censura prévia, mas sujeito à lei, em caso de abuso;

- individual: garantia que qualquer cidadão possui de não ser impedido de exercer e usufruir dos seus direitos, excepto em casos previstos por lei.

Olhando de forma clara a definição de Liberdade é justo, penso eu, fazer uma comparação com a sua utilização.

Estando nas vésperas de um referendo sobre o aborto onde se diz votar-se a despenalização do aborto, e onde de seguida os mesmos defensores desta ideia afirmam que procuram alcançar a liberdade da mulher, acho importante definir a palavra liberdade. Ora, em primeiro lugar, se vamos despenalizar, iríamos apenas fazer com que se deixa de haver uma pena (e neste caso a tão falada prisão). No entanto, se falamos da liberdade da mulher, há para além deste aspecto, outros a ter em causa. Eu bem sei que o que dizem na campanha defensora do "Sim", o seguinte argumento, explicado por muitas e variadas formas: " a mulher tem o direito de fazer por seu livre arbítrio o que quer". Ora isto não é totalmente mentira, mas temos que ter em conta a parte anterior da definição:"faculdade de uma pessoa poder dispor de si". Ora se é dispor de si, não está a dispor do que é dos outros, por isso ela não pode decidir sobre a vida que transporta na barriga.

Outro aspecto curioso de se referir é o seguinte: Vivemos num país que se diz livre. Onde cada um, após ter derrotado uma "horrorosa ditadura", pode usufruir da sua liberdade. No entanto essa liberdade pende para um certo "lado" (não foi o próprio Mário Soares que disse que os havia), e num país que se diz livre, é estranho haver opiniões que não possam ser ditas e que ainda sejam tão discriminadas.

Um exemplo claro é o programa Prós e Contras onde ainda hoje há quem queira retirar Salazar da lista. Ou então, no mesmo programa o facto da apresentadora ser contra todos os argumentos que defendem o homem já citado.
Esperemos pelo fim para ver o acontece.

Acho é curioso vivermos num país tão moderno e que proclama altos valores de liberdade, e no entanto, ainda censura coisas tão banais. É triste um homem não poder manifestar a sua opinião num país "tão democrático".

Evoluimos? Não, não me parece.