Saturday, June 30, 2007

Efemérides de 28 de Junho: Do assassinato que mudou a história ao aborto

1914: Morre o Arquiduque Francisco Fernando em Sarajevo, assassinado juntamente com a sua mulher.


UM ASSASSINATO QUE MUDOU A HISTÓRIA

Não é uma questão de mera publicidade - em parte também o é, porque o que é bom deve-se sempre publicitar - mas desta vez passo a palavra a quem sabe mais e por isso recomendo sobre este tema o texto do Prof. HNO

1998: Referendado o Aborto em Portugal



À pergunta «Concorda com a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?», 50.07% dos votos expressos assinalaram o não. Apenas 31,89% do eleitorado foi às urnas. É verdade que o resultado não foi vinculativo, no entanto também não o foi o de 2007, em que a corrida às urnas foi de apenas 43,61%, mas neste ultimo houve quem levanta-se a voz e afirmasse que "a vontade do povo tinha que ser cumprida". Não me recordo de as ter ouvido em 1998...

Friday, June 29, 2007

Efemérides de 26 de Junho: Da Identidade Nacional a um Principio Fundamental

1982: Morre Alfredo Rodrigues Duarte, mais conhecido por Alfredo Marceneiro.



Fadista português, antes de ganhar a sua eterna alcunha era conhecido por Alfredo Lulu por sempre se vestir bem.
Nasceu na freguesia de Santa Isabel numa família muito humilde a 29 de Fevereiro 1891, mas a mãe registou-o no dia do nascimento do pai, 25 de Fevereiro, devido à complexidade da data.
Quando o pai morreu, deixou a escola primária para se dedicar à profissão de encadernador para ajudar no sustento da família.
Sempre mostrou grande interesse e talento para as artes, principalmente a música, e desde cedo se juntou com os amigos para cantar o fado em locais públicos e populares, fazendo notar a sua voz e a capacidade de improvisar letras.
Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão. Assim seria possível ser bem sucedido nas duas actividades.
Alfredo ganhou o nome Marceneiro em 1920, quando um grupo de pessoas decidiu organizar uma homenagem a dois fadistas. Como só o conheciam como Alfredo Lulu, decidiram colocar o nome da sua profissão no cartaz. Depois disso Alfredo Marceneiro nunca mais largou o nome artístico.
Apesar de marialva e de todas as suas aventuras, a mulher da sua vida e aquela que pôs fim à sua vida de boémio foi Judite de Sousa Figueiredo, senhora que conheceu numa festa em que foi cantar, na Fonte Santa, e aquela que amou até ao fim da sua vida e com a qual teve três filhos: Carlos, Alfredo e Aida.
Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.
A 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso.
Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz.
Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinhas, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.
Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer.
No dia 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.
Marceneiro marcou uma época e o fado tornando-se através da sua voz inconfundível, uma das principais referências desta arte tipicamente portuguesa, como escrevia Alvaro do Amaral Netto:

Quando cantas, “Marceneiro”,
Com tua voz sem igual,
Vibra em ti a alma lusa,
Fala por ti, Portugal!...


1975: Morre São Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei.



Padre espanhol, destacou-se como fundador do Opus Dei, prelatura pessoal da Igreja Católica.
Dizia que o Opus Dei "é velho como o Evangelho e, como o Evangelho novo. Trata-se de recordar aos cristãos as palavras maravilhosas que se lêem no Génesis: que Deus criou o homem para trabalhar. Pusemos os olhos no exemplo de Cristo, que passou quase toda a sua vida terrena trabalhando como artesão numa terra pequena. O trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e um meio pelo qual os homens hão-de contribuir para o progresso da sociedade; é também um caminho de santificação" e assim o Opus Dei procura "ajudar as pessoas que vivem no mundo - o homem vulgar, o homem da rua - a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar o seu modo normal de vida, o seu trabalho habitual, nem os seus ideais e preocupações".
São Josemaría Escrivá planeava e m jovem ser arquitecto. No entanto, um encontro com um carmelita, que caminhava descalço sobre a neve num dia de inverno, provocou em si um sentimento muito forte, tomando, pouco depois, a decisão de ir para o seminário.Recebeu a ordenação sacerdotal em Saragoça, a 28 de Março de 1925. Iniciou a sua actividade pastoral em paróquias rurais, continuando-a posteriormente pelos bairros pobres e pelos hospitais de Madrid, onde realiza numerosas obras de misericórdia , e entre os estudantes universitários.
Toda a actividade desenrolada na sua vida está relacionada com o Opus Dei. Durante alguns dias de retiro espiritual em Madrid, São Josemaría Escrivá percebe que no seu tempo há uma mentalidade que reduz os santos a "habitantes de conventos". Mas a santidade é possível de alcançar através do empenho no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres ordinários. O Opus Dei seria então o caminho para o homem alcançar a santidade, segundo o qual, todos os cristãos tinham a obrigação de lutar por serem santos e que o chamamento à santidade é para todos sem distinção: leigos e religiosos.
Com o inicio da Guerra civil Espanhola, São Josémaría, que vivia e exercia o seu apostolado em Madrid, esteve várias vezes prestes a ser capturado por militantes republicanos a anti-clericais, e por essa mesma razão, acabou por se refugiar na Legação de Honduras e em diversos outros lugares. Mesmo durante a guerra dedicou-se clandestinamente ao trabalho pastoral.Com o fim da guerra civil retorna a Madrid e inicia a expansão de seu trabalho apostólico em outras cidades da Espanha. O início da Segunda Guerra Mundial impede o começo do trabalho em outros países.
Durante o período imediato do pós-guerra na Espanha, crescem as incompreensões por parte daqueles que não entendem o "chamamento universal à santidade" pregado pelo Fundador do Opus Dei. Por essa razão, o Opus Dei e o fundador foram várias vezes vítimas de calúnias e duras criticas por parte de pessoas que não compreendiam o espírito da organização, muitos achando-a demasiado progressiva para o seu tempo. Efectivamente, enquanto apresentava os moldes essenciais do Opus Dei na Cúria Romana, um Cardeal disse-lhe que "tinha chegado com um século de antecedência". É curioso ver a evolução da história: se antes era vista como progressista, hoje é vista como extremamente conservadora.
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Escrivá mudou-se para Roma, sede da Igreja Católica, deixando claro que o Opus Dei era universal, destinado a todos os homens de todas as nacionalidades de todos os tempos. Preocupava-o o facto do Opus Dei não ter um enquadramento jurídico e por isso considerava que, ao instalar a sede junto da Cúria, estaria mais perto desse objectivo. No entanto, tal coisa só nos anos 80, através do Papa João Paulo II e já depois da sua morte.
Em 1948 erige em Roma o Colégio Romano de Santa Cruz, destinado à formação de homens do Opus Dei provenientes de todas as partes do mundo. O Papa Pio XII concede, em 1950, aprovação definitiva ao Opus Dei permitindo, então, o ingresso de pessoas casadas na instituição. Em 1953 erige o Colégio Romano de Santa Maria, centro internacional para a formação espiritual, teológica e apostólica de mulheres do Opus Dei.
Durante os mais de 25 anos em que viveu em Villa Tevere - nome do complexo de edifícios que constituem a Sede Central do Opus Dei - São Josemaría Escrivá trabalhou intensamente quer no governo do Opus Dei quer no apostolado junto dos seus membros. Principalmente a partir de 1970 realizou várias viagens pela Europa e América do Sul, tendo ficado célebres pelas conferências que produzia, que tinham lugar em grandes auditórios com várias pessoas, membros e não-membros do Opus Dei, onde, contava histórias, respondia a perguntas e exortava a um contacto pessoal mais íntimo com Deus.
Morre a 26 de Junho de 1975, e o seu corpo encontra-se sepultado na Igreja de Santa Maria da Paz, na sede central da Prelatura, em Roma.
Após o seu falecimento, 69 cardeais, cerca de 1300 bispos de todo o mundo e 41 superiores de congregações religiosas, dentre outras personalidades, pediram ao Papa o início da causa de sua beatificação e canonização. Em 12 de maio de 1981 foi aberto o processo de beatificação de Josemaria Escrivá. A 9 de Abril de 1990 o Papa João Paulo II declarou a heroicidade de suas virtudes cristãs, e a 6 de Julho de 1991 decretou o carácter milagroso de uma cura atribuída à sua intercessão. Foi beatificado em 17 de maio de 1992.
Em 6 de Outubro de 2002 foi canonizado pelo Papa João Paulo II, através de novo decreto pontífice, que reconhecia o carácter milagroso de uma segunda cura atribuída à intercessão do Beato. Assim, todos os anos desde então, no dia 26 de Junho, a Igreja celebra o dia de S.Josemaria Escriva.
Sobre ele João Paulo II disse: São Josemaria foi um mestre na prática da oração, o que considerava uma extraordinária "arma" para redimir o mundo. Recomendava sempre: ""Primeiro, oração; depois expiação; em terceiro lugar, muito "em terceiro lugar", acção"" (Caminho, n. 82). Não é um paradoxo, se não uma verdade perene: a fecundidade do apostolado reside, antes de tudo, na oração e em uma vida sacramental intensa e constante. Este é no fundo, o segredo da santidade e do verdadeiro êxito dos santos. (Da homilia na missa de canonização).

Sobre Moçambique

Num ano em que já tanto se falou sobre a descolonização, não deixo de recomendar um livro em que apenas dei uma breve espreitadela.
O seu autor é Camilo Sarmento Caveiro e segundo percebi viveu em Moçambique durante alguns anos.
O livro chama-se Moçambique Meu amor, e pode ser encontrado para leitura aqui mesmo na Internet



O Livro data de 1998, nos 500 anos da descoberta de Moçambique e debruça-se sobre o tema da Independência de Moçambique, sendo o livro considerado pelo próprio autor como «Um Testemunho contra a mentira da "exemplar descolonização"».

A nova lei do Trabalho

Saiu a nova lei do trabalho e ainda não tive oportunidade de a observar atentamente. Segundo ouvi dizer, introduz a incompetência como motivo para despedimento, mas apesar disso não é muito bem construida correndo o risco de ela própria ser "incompetente".
Ninguém me arranja ou disponibiliza tal coisa?
Ou mesmo me indica onde a posso encontrar?

Agradecia a todos os que me puderem ser uteis que me respondam através dos comentários.

Thursday, June 28, 2007

Efemérides de 25 de Junho: De Gaudí, passando pelos Beatles a Moçambique

É possível não se considerar um dia Português no mês de Junho. Antes pelo contrário é um dia vulgar, com pontos altos e baixos, sendo os mais baixos penosos para Portugal e os mais altos de orgulho para o nosso vizinho peninsular. No entanto, apesar de ser um dia que não deixa de marcar a história de Espanha (de forma indirecta), o valor do nascimento deste dia é essencialmente artístico, e como esse valor se estende a todos os cantos do mundo e aos olhos de todos os que aqui vivem, eu penso que também nós beneficiámos deste dia (também de forma indirecta obviamente).

1852: Nasce a 25 de Junho Antoni Placid Gaudí i Cornet, que ficou conhecido na história por Antoni Gaudí ou simplesmente Gaudí.



Foi um arquitecto catalão, que se fez notar pelas inovações artísticas que promove no seu tempo, como os seus arcos parabólicos, a sua introdução de novos materiais, formas e cores.
Os seus trabalhos revelam claras influências da arquitectura gótica e da arquitectura catalã tradicional. Fortemente influenciado pelo arquitecto francês Eugene Viollet-le-Duc, Gaudí foi responsável por promover o retorno às formas góticas.
Ridicularizado pelos seus contemporâneos, Gaudí encontrou no empresário Eusebi Güell o parceiro e cliente ideal, tendo-se tornado este o seu mecenas. É com ele e através dele que contactará com a chamada "Arte Nova".
Procurou toda a vida um estilo próprio de que são exemplos as casas Batlló e Milá, que apesar de actualmente serem referências de monumentos e obras de arte de Espanha, não deixaram de ser duramente criticadas e consideradas enormes aberrações de Barcelona.



Gaudí foi um fervoroso nacionalista. Chegou mesmo a ser preso por falar em catalão numa situação considerada ilegal pelas autoridades.
A sua vida dá grandes voltas e denota-se uma enorme dicotomia entre a sua juventude e a idade adulta. Gaudí trabalhou essencialmente em Barcelona, a sua terra natal, onde havia estudado arquitectura. Originário de uma família não muito abastada, Gaudí tinha como objectivo de vida durante a sua juventude alcançar a riqueza; no entanto no final da vida esse desejo havia sido desaparecido, esquecido ou mesmo ignorado por completo. Em jovem aderiu ao Movimento Nacionalista da Catalunha e assumiu algumas posições críticas face à igreja; no final da sua vida dedicou-se exclusivamente à religião católica. Um sinal disso é o a construção da Catedral da Sagrada Família (1884-1926), a sua obra mais conhecida e admirada, em que concentrou todos os seus esforços nos seus últimos 12 anos de vida, e que nunca foi concluída.



Antoni Gaudí morre (curiosamente) no dia 10 de Junho (Dia de Portugal) de 1926.
Desde 1992 encontra-se em funcionamento um movimento a favor da beatificação de Gaudí.


1967: 1ª Transmissão Mundial Televisiva ao vivo, via Satélite, através do canal BBC para 26 países do mundo. E o que foi que transmitiram? Ora... os Beatles está claro.




1975: Independência de Moçambique



Território Português desde 1478, Moçambique torna-se independente a 25 de Junho de 1975. Depois da guerra colonial que durou cerca de 10 anos, Moçambique conquista a sua independência na sequência da revolução de abril e, a seguir à qual, o governo de Portugal assina com a Frelimo o acordo de Lusaka.
O conteúdo do Acordo de Lusaka, em duas páginas nem merece ser transcrito. Como dizia Camilo Sarmento Caveiro, foi «apenas o reconhecimento oficial da Frelimo como representante do "povo" de Moçambique, o reconhecimento à independência, à criação de órgãos políticos de transição, os procedimentos administrativos, e pouco mais».
E o acordo teminava com a frase "O Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique felicitam-se pela conclusão do presente Acordo".
«Felicitam-se, na sua torpeza, pela aleivosa conclusão deste abominável acordo... Deveriam felicitar-se também pelos "brilhantes" resultados.
Era demais!
E nem uma palavra de garantia sobre a segurança dos residentes portugueses e seus bens, a salvaguarda da sua cultura e seus valores, e a de outros residentes imigrados das diversas partes do mundo. Que no conjunto seriam para cima de um milhão. Nem dos autóctones que eram cerca de sete milhões. E tudo feito em nome do povo. Partindo de um principio, de uma base, que era uma rotunda falsidade: a de que a Frelimo era realmente a representante do povo ou povos, e tantos são, de Moçambique. E por outro lado partindo de outra falsidade, a de que os signatários do acordo representavam o estado português, enfim, Portugal.
Seria despiciendo perguntar a Mário Soares, a Almeida Santos, a Melo Antunes e aos demais títeres, quem lhes conferiu poderes, competência, legitimidade, autoridade ou o que fosse para em nossos nomes subscrever aquele acordo?»

Wednesday, June 27, 2007

Efemérides: 24 de Junho

Em 1930:Nasce D. Nuno Álvares Pereira



General português do século XIV; desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. É também conhecido por Santo Condestável ou Beato Nuno de Santa Maria.
Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita.
Morreu a 1 de Novembro 1431, mas o seu túmulo foi destruído no terramoto de 1755.
Foi beatificado a 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV. O seu processo de canonização está aberto desde 1940.

Em 1128: Batalha de São Mamede, em que D. Afonso Henriques se bate contra D.Teresa de Leão e o Conde Galego de Fernão Peres de Trava, que se procurava apoderar do Condado Portucalense.



Junho é claramente um Mês Português!

Efemérides: 23 de Junho

1972: Nasce Zinédine Yazid Zidane



Isto é um dom!

1828- Reunião dos três estados do reino que aclamam o infante D. Miguel como rei absoluto



«Hoje é o aniversário de um dia que será sempre memorável na história, pela transcendência de seus resultados. Em 23 de Junho de 1789 houve em França aquela sessão real dos Estados Gerais, onde se desenvolveram os princípios da revolução que o virtuoso Luís XVI com ela pretendeu atalhar. Mas que diferença entre os tumultos que começaram naquele dia e o sossego que Vossa Alteza Real vê reinar neste Congresso! Da reunião dos três estados de França em 23 de Junho de 1789 resultou a destruição da monarquia francesa e esta espantosa série de males, de que ainda se ressente a geração actual e se ressentirão talvez por muito tempo as gerações futuras; da reunião dos três estados de Portugal em 23 de Junho de 1828 resultarão providências que hão-de fazer a felicidade da nação e devem ter uma alta influência na tranquilidade da Europa. Mas em França dominava o espírito revolucionário, aqui domina o amor da ordem e brilha a felicidade portuguesa, eis a diferença.»

Discurso de José Acúrcio das Neves na Junta dos Três Estados

Tuesday, June 26, 2007

Efemérides: 22 de Junho

Em 1987: Morreu Fred Astaire



Nascido com o nome de Frederick Austerlitz, ficou conhecido como Fred Astaire por todo o mundo, tornando-se famoso pelas suas actuações em inúmeros filmes em que o principal papel consistia em dançar - coisa que fazia de forma extraordinária.
Antes de Fred Astaire se estrear no cinema, os dançarinos apareciam nos filmes apenas "em partes": os pés, as cabeças etc. e eram compostos na sala de edição. Astaire, por sua vez, exigia ser filmado de corpo inteiro e ao vivo. Para isso eram necessários longos ensaios, chegando mesmo a demorar três meses para gravar com dez horas diárias de trabalho, com repetições feitas passo a passo e movimentos de câmara acompanhando a coreografia, dando assim uma nova vida e emoção à dança.
E depois claro... aquela maneira de vestir maravilhosa ainda hoje me causa inveja.



Outra efeméride é o facto de dia 22 ser o dia festivo de São Tomás Moro, mais conhecido nas história e no mundo por Sir Thomas More.



Foi um escritor e estadista, tendo ocupado vários cargos públicos, tendo ocupado, de 1529 a 1532, o cargo de chanceler do reino, um alto cargo administrativo no reinado de Henrique VIII.
A sua obra mais conhecida é a Utopia.
Foi canonizado a 9 de Maio de 1935 pelo Papa Pio XI, sendo mais tarde, no ano de 2000, declarado pelo Papa João Paulo II, o padroeiro dos Estadistas e políticos.
A sua beatificação e canonização devem-se ao facto de ter desobedecido a Henrique VIII, quando este pretendia casar com Ana de Bolena e separar-se de Catarina de Aragão, contrariando assim as próprias ordens do Papa e da Igreja.
Quando em 1534 o Parlamento promulgou o Decreto da Sucessão, que incluía um juramento reconhecendo a legitimidade de qualquer criança nascida do casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, todos os funcionários públicos e suspeitos de não apoiarem Henrique VIII, foram chamados a fazê-lo.
Mas Thomas More recusou, e por isso acabou preso e condenado à morte, numa das mais injustas sentenças de sempre, afirmando ele próprio que "morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro."
Não se curvando perante o poder do rei que ele sabia que errava naquele momento, pagou com a vida a defesa daquilo que para ele era mais sagrado e mais importante, muito mais do que o poder terreno e temporal do rei.
Não abandonou ideais ou crenças por troca de benefícios de qualquer género que fosse, nem pela própria vida.

Efemérides: 21 de Junho

1527: Morre Niculau Maquiavel



Foi historiador, poeta e diplomata do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pela simples manobra de escrever sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.
A sua principal obra é O Príncipe.

1908: Morre Nikolai Rimsky-Korsakov



Foi compositor, militar e professor russo; membro do Grupo dos Cinco, ao lado de Mily Balakirev, Aleksandr Borodin, César Cui e Modest Mussorgsky.

De Espanha nem bom vento nem bom Casamento

1ª Reacção – Exclamação
2ª Reacção – Incompreensão
3ª Reacção – "Mas que palhaçada é esta?"



"Tuve la suerte de conocer a António Costa durante mi mandato como Presidente del Parlamento Europeo cuando el era uno de los Vicepresidentes que formaban parte del Bureau y participaban en la direccion politico-administrativa de esa compleja instituicion europea.
Aprecie entonces sus virtudes y capacidades politicas tanto como su seriedad y dedicacion al trabajo. Cuando dejo el PE para formar parte del gobierno portugues sabia que António Costa desempenaria con la misma eficacia sus responsabilidades y que continuaria su brillante carrera politica.
Por eso, ahora que presenta su candidatura a la Alcaldia de Lisboa, quiero expresarle todo mi apoyo e desearle el mayor exito, desde el convencimiento de que seria un magnifico alcalde que daria a la bella e senorial Lisboa un gran impulso de modernidad e eficacia."


Começo a acreditar na existência de um Loby a nível mundial.
Porque raio tem Joseph Borrell de dizer o que quer que seja sobre eleições em Portugal? Ainda por cima sendo elas só em Lisboa?
Isto é a "lata" do PS e o seu nível de manupulação que se extende a toda a parte.
Mas só por saber isto, fico com mais uma razão para não votar nele, nem que seja porque é apoiado por um espanhol, e porque de Espanha, nem bom vento nem bom casamento...
Da UE só nos chegam maus exemplos.

Friday, June 22, 2007

Um Retrato do País



imagem da camapnha Lisboa - cidade Portuguesa, que eu tive conhecimento através do Reverentia

E querem estes dar aulas!



Acho fabuloso um professor colocar ao mesmo nivél a história de Porugal e a Floribela, mas como diz o apresentador: "é o que temos".

O "Centrão" das atenções



Quando li o post que o excelentíssimo Mário escreveu sobre aquilo que eu defino por o debate a sete, decidi seguir o exemplo do JV, e não resisti a fazer referência ao texto do nosso amigo de Portalegre; texto esse que “não me passa ao lado”, e que não me impede de ficar preocupado com a situação em que encontro o meu país. E Logo eu que já tenho tantas preocupações!
Pouco me importa a qualidade, a capacidade ou mesmo quantidade de audiências e esclarecimento que o debate causou, pois eu próprio não vi o debate e por isso não me manifestarei sobre ele.
Mas há uma coisa no debate sobre a qual me posso e irei manifestar: o número de participantes.
A meu ver, a presença de apenas sete candidatos, sendo eles doze, demonstra a tendência clara para o sub julgar da opinião pública, através do trabalho dos próprios meios de comunicação, ao designado "centrão" e àquilo que eu defino por seus "acompanhantes" ou “aspirantes ao centrão”.
Se são os candidatos mais populares, se são os que geram mais audiências ou mesmo os com melhores propostas é neste caso um ponto de secundário. Não só porque isso é uma grande mentira, como é uma questão de princípios e direitos democráticos, que ao realizarem um grande debate, todos devem estar presentes. É uma questão de igualdade de direitos e oportunidades. A votação não é feita pelos meios de comunicação. São os votantes. E eles têm o direito a estar informados, a ouvir todas as propostas de modo a poderem escolher aquele candidato, que a seu entender, é o melhor, não podendo os meios de comunicação interferir nas escolhas, correndo o risco de serem injustos ou mesmo déspotas.
Mas mais uma vez, eles esquecem-se do que mais importa, e preferem dar voz a uns, sem que haja uma razão aparente para tal – não me refiro a lobys ou outro tipo de "causas", mas falo no sentido da perspectiva racional que procura a verdade e observa a realidade, não pensando em jogos secretos ou de influências – e esquecer e fazer de ignorados os outros. Não que sejam menores ou piores, mas não interessam, ou porque tem percentagens pequenas, ou porque trazem consigo verdades que incomodam.
Acabam então os meios de comunicação por não informar, por não mostrar novas ideias e sim por promulgar, aprovar e apoiar a candidatura dos "outros" que não só já têm o poder na mão como já destruíram tudo o que havia para destruir; aqueles a quem já apontaram o dedo inúmeras vezes por atentarem contra tudo e todos, mas que não fazem nada para destituir, reformar, afugentar e mesmo excluir da vida politica nacional.
Não seria já a altura de dar a vez a outros?
Ou ainda acreditam que o povo vai voltar a acreditar "nos do costume"? Parece que só há uns em quem votar.
Assim só perdem os votantes, a politica e o país. Ganham os do costume.
Assim sucedeu também com a SIC, que neste combate saiu a perder. A RTP ultrapassa-a com o próximo debate, mas desta vez a 12...
Para um canal que tem como lema Televisão independente, já não sei o que pensar.

O Significado da Bandeira

Thursday, June 21, 2007

Convém Decidir...



O MODELO ACTUAL

O modelo actual que o Estado utiliza para pagar a Saúde tem uma grande vantagem e um grande defeito. A grande vantagem é ser equitativo, ou seja, toda a gente paga, quer precise quer não - o que dá corpo ao conceito de solidariedade social que atravessa todas as camadas da população.

A grande desvantagem é que é insustentável, a prazo, essencialmente porque a criação de riqueza não consegue suportar o aumento das despesas que os cidadãos exigem na saúde.

Estas conclusões fazem parte do relatório que os ministros das Finanças e da Saúde encomendaram a um grupo de peritos, e cujas conclusões caíram ontem, definitivamente, na praça pública. Contra a ideia de o modelo de financiamento ser um debate incontornável, o ministro da Saúde garantiu, já depois de ter o estudo na mão, que “as contas estão sustentadas”, e que, portanto, não é necessário, pelo menos para já, debater o modelo. Para isso muito contribuíram as medidas que este Governo implementou desde que chegou ao poder: aumento das taxas moderadoras, diminuição das comparticipações estatais de medicamentos, redução das margens das farmácias e dos laboratórios e imposição de um limite aos gastos dos hospitais com medicamentos. Mas a grande vitória política do ministro da Saúde começou antes mesmo de o Orçamento ser aprovado, quando convenceu o ministro das Finanças a adequar a dotação à despesa real. Este reforço da dotação financeira para a Saúde, adequando-a à despesa real e não ao histórico das transferências, deu credibilidade ao Governo, que pôde, munido de um orçamento realista, impor medidas que controlassem os gastos na Saúde.


1. Os principios do sistema actual
O sistema de saúde português é público, universal e tendencialmente gratuito. Nenhum hospital ou centro de saúde pode recusar o tratamento a quem quer que seja, esteja ou não munido de uma identificação. Quando um doente aparece numa urgência, é sempre tratado, independentemente das condições sociais, nacionalidade ou capacidades financeiras. Os hospitais são financiados em função da produção contratada pelo Estado e têm de aumentar a eficiência e controlar bem a despesa. Contas feitas, são 8 mil milhões de euros que os portugueses canalizam para o sistema de saúde.


2. As Taxas Moderadoras
Desse valor, apenas uma ínfima parte provém das taxas que os cidadãos pagam quando utilizam os serviços de saúde. É que as taxas são ‘moderadoras’, e não ‘financiadoras’ do sistema. Ainda assim, o valor tem vindo a subir, e o Governo já prometeu que estes valores, que representam menos de 1% dos tais 8 mil milhões de euros que o Estado gasta anualmente com a Saúde, serão actualizados anualmente de acordo com a inflação. Para já, foram criadas novas taxas, a que Correia de Campos chamou de ‘taxas de utilização’, que os doentes têm de pagar quando ficam internados ou quando realizam cirurgias nos hospitais.


3. A Política Fiscal
É na política fiscal que o espírito da Constituição de 1975 mais se faz sentir: os impostos canalizados para a Saúde são determinados em função do nível de rendimento de cada um. Existe um limite para os descontos que é possível fazer quando cada cidadão entrega a sua declaração de IRS (30% do total dos gastos desse ano), e cada contribuinte, assim, financia a Saúde em função do que ganha.

O mesmo princípio poderia ser transferido para o momento do consumo de cuidados de saúde (quando o cidadão vai ao hospital), mas a diferença fundamental no modelo actual é que todos pagam, quer utilizem os hospitais públicos quer prefiram recorrer a um hospital privado, ou até se não forem a uma única consulta durante o ano.

O problema deste modelo é que só na aparência é equitativo: os funcionários públicos, por exemplo, que têm um sistema de saúde próprio, são bastante beneficiados, porque os montantes adicionais que descontam são muito menores do que os gastos do Estado com esta parcela, que ronda os 1,5 milhões de cidadãos. Os números do relatório da comissão sobre a sustentabilidade financeira da Saúde mostram isso de forma muito nítida.


O MODELO ALTERNATIVO

O modelo proposto pelo grupo de peritos nomeados pelo Governo tem uma grande vantagem e um grande defeito: por um lado, garante a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) nas próximas décadas, mesmo com o aumento das despesas de saúde e o envelhecimento da população, mas fá-lo à custa de um aumento dos gastos directos dos cidadãos.

O relatório da Comissão para a Sustentabilidade do SNS está, por isso, recheado de medidas impopulares e sobrecarrega os cidadãos com mais contribuições para a Saúde. Além disso, toda a gente vai ter de pagar mais (ou deduzir menos despesas de saúde), e mantém-se impossível a saída do SNS, mesmo que não se recorra a cuidados de saúde públicos.


1. Os principios do sistema
Os peritos querem que o SNS permaneça universal e gratuito, sob pena de deixar de ser justo e equitativo. “Há um conjunto de opções de financiamento dos cuidados de saúde da população que implicariam um desmantelamento do próprio SNS”, pode ler-se no relatório dos peritos. Os académicos e economistas concedem, contudo, que há desvantagens inerentes ao actual SNS (menor controlo do desperdício e menor capacidade de gestão) que devem ser trabalhadas.

O controlo da despesa pública e uma maior eficiência do sistema são, por isso, defendidos pelos especialistas. As sugestões para alcançar uma menor despesa em Saúde são múltiplas: assegurar a função de triagem dos cuidados de saúde primários, melhorar os sistemas de informação, rever o sistema de convenções, entre outras. O importante é conseguir “uma quebra estrutural face ao anterior ritmo histórico de crescimento da despesa do SNS”. Além disso, a Comissão recomenda a definição dos limites da cobertura das intervenções do Serviço Nacional de Saúde. A avaliação prévia deverá garantir que só há financiamento quando determinado tratamento gerar ganhos efectivos.


2. As Taxas Moderadoras
A Comissão liderada por Jorge Simões aconselha ainda que seja revisto o actual regime de isenção das taxas moderadoras. O critério de isenção deveria ser, sugerem, a capacidade de pagamento de cada pessoa, sendo que os doentes crónicos devem continuar isentos. Por outro lado, os especialistas deixam claro que é essencial a actualização do valor das taxas moderadoras “pelo menos ao ritmo da inflação”. A Comissão faz, porém, uma ressalva: no caso de um crescimento acelerado das despesas, as taxas moderadoras deverão ser actualizadas a um ritmo superior à inflação.


3. A Política Fiscal
Portugal é actualmente um dos países mais generosos em matéria de benefícios fiscais em Saúde. A conclusão é dos especialistas contratados pelo Governo, que garantem ainda que “o sistema beneficia mais os contribuintes com maiores rendimentos”. Além disso, as actuais deduções fiscais “não cumprem objectivos de maior equidade e contribuem para reduzir a sensibilidade das decisões de consumo”. Por tudo isto, é proposta uma redução da dedução dos encargos com a Saúde no IRS de 30% para 10%. O Governo deverá ainda rever as categorias de despesa elegível para deduções fiscais. No conjunto de recomendações dos especialistas destaca-se, por fim, a expulsão dos subsistemas de saúde do Orçamento do Estado. Neste ponto, os especialistas são claros: os subsistemas como a ADSE (para os funcionários públicos) e a ADMA (para os militares) devem ser auto-sustentados ou eliminados. Ou seja, devem terminar as transferências do Orçamento do Estado para financiar os subsistemas, que passariam a ser suportados exclusivamente por contribuições dos beneficiários. A aplicação desta medida significaria o fim do acesso ilimitado a fundos públicos para pagar as despesas de saúde de alguns grupos (os cidadãos que não estão num subsistema só podem descontar 30% das despesas feitas).

Por fim, e destacadas de todas as outras recomendações, a Comissão deixa uma medida ‘excepcional’ para aplicar apenas em caso de falência total do Serviço Nacional de Saúde. Nesse caso, e apenas nesse, os peritos aconselham a “imposição de contribuições compulsórias, temporárias e determinadas pelo nível de rendimento”.

Os peritos fazem questão de distinguir esta contribuição obrigatória de um imposto: é que as verbas recolhidas com esta taxa teriam de ser transferidas obrigatoriamente para o financiamento dos cuidados de saúde. Os especialistas sublinham que, apesar de significar mais custos para os cidadãos, esta taxa exclui a “alternativa de um racionamento do acesso a cuidados de saúde, determinado unicamente pela situação financeira de cada entidade do SNS”, isto é, de cada hospital.

in Diário Económico

Otas e hortas!



O governo está enganado com os discursos que faz e os assuntos que escolhe para trazer a público. A oposição não só está enganada com os discursos que profere, mas também com os seus objectivos. O povo enganado anda, porque diante de si está uma espécie de jogo de pingue-pongue. Bolas e boladas são atiradas de uns para os outros. O povo assiste impávido e sereno. Dizemos que os discursos andam enganados porque se desviaram as atenções dos portugueses, que em vez de debaterem a Ota deveriam estar a debater a Horta. Parece que não temos 21 por cento de pobres em Portugal. Parece até 5 que toda a gente tem acesso à educação por igual. Parece mesmo que a Ota será a preocupação dos 500 mil desempregados de agora. É verdade que as vias de comunicação são fundamentais para o desenvolvimento das economias. É verdade também que o investimento faz crescer as mesmas economias. Mas quando existem problemas estruturais num país como é o caso da pobreza, da educação e do desemprego, parece que está na Ota o Messias que nos há-de libertar. Com a Ota e o TGV haverá claramente maior qualidade de vida para os portugueses. Por um lado, os aviões e os comboios chegarão carregados de brasileiros e imigrantes de leste que procuram no nosso país melhores condições de vida. Por outro lado, sairão carregados de portugueses que procuram melhores condições de vida nos países dos outros.
Há, a propósito, uma rara excepção. O presidente da República condecorou várias personalidades para marcar o Dia de Portugal. Entre vários outros estiveram duas personalidades da Igreja que ao longo dos tempos trabalharam e lutaram pêlos mais pobres: D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, e Eugénio Fonseca, que lidera o trabalho da Caritas em Portugal. Políticos haverá muitos neste país, mas servos dos pobres haverá muito poucos. Esta distinção feita a vários portugueses e particularmente a estes dois cristãos dedicados aos mais pobres poderá contribuir para passar do discurso da Ota para o discurso da horta. Mesmo que a economia cresça, não podemos descansar, porque muitos portugueses precisam de ajuda. Há-de haver, no entanto, uma nova criatividade a fim de encontrar formas de ajuda aos que mais precisam. A Igreja, na simplicidade e no segredo de todos os dias, continua a sua acção de auxílio aos mais pobres.

Pe. Edgar Correia Clara

In a Voz da Verdade de 17 ed Junho de 2007

Monday, June 18, 2007

O Portugal que se perdeu....

Não sei ao certo os valores que se perdem neste país por conta das mudanças políticas e sociais que sofremos - há quem lhe chame mutações culturais, mas a meu ver estas resultam da politica e dos que lá se "colocaram", se é que me entendem.
O Post devia ter sido publicado ou a 10 ou a 14 de Junho. Gostaria de o ter colocado dia 10 de Junho, porque é o dia de Camões e da língua portuguesa, e porque se trata da trata de um referência de amor à pátria. Mas os atribulados dias que me têm ocupado, levaram-me a deixa-lo para hoje.

Falo-vos hoje de Joaquim Belford Corrêa da Silva, mais conhecido Joaquim Paço D'Arcos, o seu nome artístico.
É normal desconhece-lo. Ou melhor, normal não é, mas tendo em conta as condições, considera-se normal. Num país como este, promove-se a leitura de uns Manueis Alegres e uns Saramagos (sabe-se lá porquê...) e ignoram-se os homens que por vezes projectaram o nome do país e o honraram através do seu talento.
Joaquim Paço D'Arcos foi, como se pode depreender pelas linhas anteriores, um escritor, poeta, ficcionista, ensaísta e dramaturgo português, nascido em Lisboa a 14 de Junho de 1908, e falecido a 10 de Junho de 1979.
A sua obra principal constitui a «Crónica da Vida Lisboeta», que se desenvolve ao longo de seis volumes, um ciclo narrativo da vida em Lisboa nos anos 40 e 50, onde escreve e denuncia situações sociais, económicas e políticas da época, centrando-se sobretudo nas classes altas, o que faz reverter para a Comédia Humana, de Balzac, chegou a ser considerado por muitos críticos, quer portugueses, quer brasileiros, fundamental no âmbito da literatura portuguesa. Depois de «Ana Paula» (1938) e «Ansiedade» (1940), segue-se «O Caminho da Culpa», o terceiro livro da série, sendo este geralmente considerado o seu melhor livro, girando a acção em torno de uma jovem da alta burguesia de Lisboa, Maria Eugénia, que, após cometer adultério com Paulo (médico da família), virá a morrer de cancro no momento em que percebe estar grávida do amante. Além de interrogar com argúcia o drama pessoal da protagonista, este romance fornece-nos também um bom retrato da vida mundana lisboeta de meados do século XX.
No entanto, foi como ficcionista que atingiu maior notoriedade. Deste género são exemplares as suas obras «Memórias de uma Nota de Banco» ou «O Navio dos Mortos».
Após a sua morte foi praticamente esquecido, não se cumprindo as suas palavras no poema «Escrever é vencer a morte»: "escrever é projectar-se além da Vida, É vencer a Morte".
Foi um dos escritores mais lidos em Portugal nos anos 40 e 50 e foi dos escritores portugueses do século XX mais traduzidos no estrangeiro.
Para além de escritor, foi chefe do gabinete de governo do território de Companhia de Moçambique na Beira (Africa Ocidental), comerciante em São Paulo e foi desde 1936, prolongando o cargo durante décadas, director dos serviços de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Foi ainda administrador, por parte do governo português, na Trans-Zambézia Railway Co. Ltd, com sede em Londres.
A sua obra apresenta ideais conservadoras, o seu espírito cosmopolita e abertura ao mundo. Estas últimas ganham bastante notoriedade nas suas obras, não só como ficcionista como também como poeta, estando os seus poemas cheios de referências a países estrangeiros, como o exemplo do poema «Não quero perder o Navio em Nova Orleans», ou «Esta é a Terra do Texas Jack», revelando-se o escritor como um homem viajado.
Na poesia, o seu livro mais conhecido é de 1952, «Poemas Imperfeitos», e é nele que se encontram os poemas acima citados.
Na sua obra reconhece-se também um amor à nação portuguesa, sendo que, a 10 de Junho de 1975, acabaria por escrever um poema que lhe rendeu algumas más interpretações e mesmo ofensas. Sobre este poema, alguém – que eu desconheço por completo - escrevia na Internet que "Não foi conservadorismo nem fascismo que o levou a escrever um poema assim. Foi uma coisa que muitos não compreendem porque não a sentem: amor a Portugal, em vez de desejos de pagar menos impostos. E um sentimento assim transcendente, é um pouco como a Fé: não se explica nem se discute, ou existe no nosso coração -- ou não". Poema esse que passo a citar, pois, como escreveu de novo o ilustre desconhecido "pode não se concordar, mas tem de dizer-se que ele tinha toda a razão em escrever o que escreveu. Toda" e "Quem disser que ele mente, afinal apenas se envergonha do facto de ele falar verdade".


25 de Abril de 1974
Duzentos capitães! Não os das caravelas
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira! (Ó esfera armilar, que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora…
Duzentos capitães destes de agora (pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é o dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços (milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça.
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d’ignomínia…
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!


É com certeza por defender ideias conservadoras (ou mesmo) como estas, e certamente também devido aos cargos públicos que exerceu, que a sua obra acabou "apagada" e ignorada da história portuguesa. Temos sorte em ter um nome como o dela na nossa história, mas mais uma vez, fizemos com ele aquilo que, no nosso país sucede de generalizada a vários homens de valor: esquecem-se e não se lhes são prestadas as devidas homenagens.
É contra esse espírito que aqui relembro a obra deste grande escritor português que, num país como o nosso, sai prejudicado devido ao "regime".

Friday, June 15, 2007

Já não se fazem mulheres assim



A classe é uma coisa invulgar nos dias de hoje.
Grace Kelly torna-se uma espécie de mulher em vias de extinsão.

Junho é um Mês Português



José Sobral de Almada Negreiros Nasceu em Trindade, S. Tomé, a 7 de Abril de 1893 e morreu em Lisboa, a 15 de Junho de 1970. Foi um artista português ligado ao grupo modernista. Poeta, escritor, pintor, dramaturgo, escultor foi um dor maiores artistas nacionais. Colaborador da revista Orpheu com Fernando Pessoa, é essencialmente conhecido no país, devido à (des)educação que sofremos, pelo manifesto Anti-Dantas, criticando Júlio Dantas, a maior figura da intelectualidade da época, após este ter criticado a revista de Almada Negreiros, Pessoa e Sá Carneiro.



Mas Almada é muito mais do que isso. Artista multifacetado, deixou uma obra inigualável e que deveria ser um orgulho para qualquer português.

Em 1919 vai viver para Paris, onde exerce diversas actividades e escreve a Histoire du Portugal par coeur. Em Paris, fica apenas cerca de um ano e quando regressa, vai colaborar com António Ferro, tendo inclusivamente desenhado a capa do livro deste, Arte de Bem Morrer.

Em 1927 volta a deixar Portugal, indo desta vez para Espanha, onde para além de colaborar com diversas revistas, Almada escreve El Uno, Tragédia de la Unidad, obra dedicada à pintora Sarah Afonso, com quem viria a casar em 1934, já após o seu regresso a Portugal.

Em Portugal, já vigorava o Estado Novo e Almada, começa a ser solicitado para colaborar com as grandes obras do estado. O Secretariado da Propaganda Nacional – SPN, encomenda-lhe o cartaz de apelo ao voto na nova constituição; o mesmo secretariado, irá organizar mais tarde a exposição Almada – Trinta Anos de Desenho, convidando-o para se apresentar na exposição Artistas Portugueses no Rio de Janeiro em 1942.
O SPN viria ainda a atribuir a Almada Negreiros o Prémio Columbano pela sua tela intitulada Mulher.

A partir daqui, Almada dedica-se principalmente ao desenho e à pintura: Pinta os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que o público, agarrado às tradições, não aprecia; pinta o conhecido retrato de Fernando Pessoa (1954), os painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, pelas quais recebe o Prémio Domingos Sequeira; pinta o Edifício da Águas Livres e frescos na Escola Patrício Prazeres; pinta as fachadas dos edifícios da Cidade Universitária e faz tapeçarias para o Tribunal de Contas e para o Palácio da Justiça de Aveiro.

Os seus últimos trabalhos, já com 75 anos, são o Painel Começar na Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.
Almada Negreiros, morreu a 15 de Junho de 1970, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses, onde também tinha morrido Fernando Pessoa.

13 de Junho também é dia de Pessoa


Desenho de Almada Negreiros

Se fosse vivo, faria 119 anos.

III Os Tempos
Quinto

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

retirado da única obra de Fernando Pessoa editado em sua vida, A Mensagem.
(Relacionando com dia 10 de Junho)

Thursday, June 14, 2007

Santana que partiu à 49 anos...



Não será difícil de perceber, para quem tem tempo para ver televisão, que nos últimos tempos, têm passado de novo os filmes portugueses em que participou Vasco Santana.
A razão é simples: Vasco Santana, o actor português morreu, faz hoje, dia 13 de Junho, precisamente 49 anos.

Vasco Santana foi um dos mais notáveis e mais adorados actores cómicos portugueses. Possuidor de uma singular popularidade. É principalmente conhecido pela sua participação no cinema português, tornando-se célebre através de filmes como "A Canção de Lisboa" (1933), ao lado de Beatriz Costa e António Silva, com quem voltaria a trabalhar em "O Pátio das Cantigas", de 1942, e onde protagoniza alguns dos melhores momentos, não só seus, como do cinema português, como o monólogo com o candeeiro ou nos diálogos com António Silva, repletos de trocadilhos que ficariam para a posteridade, tão célebres como o "Ó Evaristo, tens cá disto?" ou como o próprio fado do estudante. No filme "O Pai Tirano"(1941), contracenando com "Ribeirinho", conseguiu de novo uma brilhante interpretação, dominando toda a acção e criando situações de um humor extremo.
Além do cinema, Vasco Santana dedicou-se também à rádio, para o qual criou personagens de grande sucesso, como o "Zequinha" da série "O Zequinha e a Lelé" (1947/1948), e ao teatro, onde actuou até ao final da sua vida.



A 13 de Junho Santo António se demove...



Hoje, em Lisboa, festejou-se o dia daquele a quem o Papa Gregório IX chamou "Arca do Testamento", e que ao longo dos anos, foi reconhecido como "Martelo dos hereges, defensor da fé, Doutor da Igreja, arca dos dois Testamentos, oficina de milagres, maravilha da Itália, honra das Espanhas, glória de Portugal, querubim eminentíssimo da religião seráfica, etc.".

Quando o Papa Gregório IX, no dia 30 de Maio de 1232, em Espoleto, procedeu à canonização de Santo António, os sinos tocaram à mesma hora em Lisboa, sendo isso considerado como um sinal sobrenatural. O povo tomou para si este Santo, que se tornou, no século XVI, o Santo Nacional dos Portugueses.
Por essa mesma razão, centenas de pessoas saíram hoje à rua em Lisboa, para prestar homenagem àquele que foi proclamado padroeiro de Portugal, a par de Nossa Senhora da Conceição (em 1934 pelo Papa Pio XI).

Sunday, June 10, 2007

10 DE JUNHO

Um Exemplo Italiano...



Isabella
Pensa alla patria,
e intrepido
Il tuo dover adempi:
Vedi per tutta Italia
Rinascer gli esempi
D'ardir e di valor.
(a Taddeo)Sciocco! Tu ridi?
Sciocco! Tu ridi ancora?
Vanne, mi fai dispetto.
(a Lindoro) Caro, Caro,
Caro ti parli in petto
Amore, dovere, onor,
Amici in ogni evento...

Coro
Andiam. Di noi ti fida.

Isabella
Vicino è già il momento...

Coro
Dove ti par ci guida.

Isabella
Se poi va male il gioco...

Coro
L'ardir trionferà.

Isabella
Qual piacer! Fra pochi istanti
Rivedrem le patrie arene.
Nel periglio del mio bene
Coraggiosa amor mi fa.

Coro
Quanto vaglian gl'Italiani
Al cimento si vedrà.

10 DE JUNHO: Um retrato do país...



Quando 80% dos médicos de grandes hospitais de Lisboa e do Porto se declaram objectores de consciência contra o aborto legal - revelando uma estranha e clara dessintonia entre a classe médica e a sociedade como um todo -, o Governo tem de tomar algumas atitudes, se se quiser pôr em prática a vontade expressa nas urnas.

Deve estabelecer com rigor quais os serviços públicos de saúde em condições de realizar o que as utentes do SNS requererem, verificar as incapacidades e encontrar alternativas. E tem também de fiscalizar as objecções apresentadas, para que não desaguem em negócio privado.

Depois de ter pedido ao povo que se pronunciasse, é obrigação do Estado impedir que uma qualquer classe profissional capture e desvirtue na prática o alcance da sua vontade. Esta surpreendente reacção dos médicos tem como primeira consequência fazer com que os hospitais tenham decidido aceitar apenas mulheres nas suas áreas de residência - o que põe em risco o direito à reserva e ao anonimato, sobretudo nas terras pequenas.

É preciso ter em conta que o que se diz já sobre este assunto se baseia em dados parciais de grandes hospitais centrais do SNS.


Não queria falar de coisas chatas no dia de hoje, mas é necessário e penso que bastante útil.
É um facto curioso que, na democracia actual, a esfera de liberdade que cada um possui – ou devia possuir – seja todos os dias exposta e invadida por aquilo que se chama vontade comum. É esta a fronteira entre o Estado de Direito e a democracia. O poder popular pode sobrepor-se à verdade e justiça, mesmo que injusta ou erradamente.
O editorial do público aqui representado, do Diário de Notícias de 9 de Junho, demonstra esta dicotomia.
Há uma lei que permite a objecção de consciência. E há o direito – que a meu ver é natural – de qualquer um usar a objecção de consciência.
E não penso que um médico esteja a cometer um crime ao usá-la, contra a opinião popular. Neste caso até penso que seja o contrário. Os médicos tem a missão e o objectivo de criar, de salvar e manter vidas. Para morrer não é necessário ter um médico.
Mas mais triste e, a meu ver, bastante contraditório, é que o direito à objecção de consciência – que até vem consagrado na constituição – pode ser invocado na guerra, ou seja, qualquer cidadão que, estando sujeito a obrigações militares não as pretende cumprir por convicção de que, por razões de ordem religiosa, moral, humanística ou filosófica, não lhe é legítimo usar de meios violentos de qualquer natureza, contra o seu semelhante, quer se trate de defesa nacional, colectiva ou pessoal pode fazê-lo.
Ora assim sendo, e segundo (me parecer ser) a opinião do editor do jornal, devia então obrigar-se os médicos a sacrificar crianças, num país em que estas fazem bastante falta. No entanto, no mesmo país, qualquer um tem o direito de se negar a defender a sua pátria através da objecção de consciência.
Mais uma vez a pátria fica esquecida por aqueles que nela habitam. E manifestam-no logo no dia anterior à sua festa.
Que se faça uma homenagem a todos aqueles que por Portugal se bateram e que nem sempre foram bem tratados no nosso país.

10 DE JUNHO: DIA DE PORTUGAL, DIA DE CAMÕES E DA LÍNGUA PORTUGUESA....

Oh pobre Camões se acordasse agora...

















Saturday, June 09, 2007

Porque Portugal já possuiu meio mundo...



Ainda devido ao (meu) atribulado dia 7 de Junho, esqueci-me que nesta mesma data, à 513 anos, foi assinado na província de Valladolid o Tratado de Tordesilhas; um dos pontos mais altos da história de Portugal, em que o nosso país, divide com Espanha o Novo mundo, evitando assim um conflito armado que se adivinhava, resultante das descobertas de Cristóvão Colombo, e para isso implicando o tratado um acto de submissão recíproca.
O tratado estabeleceu uma divisão entre somente os dois estados signatários, tendo como linha divisória o meridiano localizado a 370 léguas (1770 km) ao oeste das ilhas de Cabo Verde - meridiano que se situaria hoje a 46° 37' oeste.
Todas as outras potências marítimas europeias foram excluídas do Tratado, não tendo qualquer direito sobre as novas terras. Poderiam somente recorrer à pirataria e ao contrabando para explorar as riquezas do Novo Mundo.
Porque tanta submissão e obediência por parte de todo o mundo?
Não é difícil de explicar este facto se tivermos em conta que o Papa era considerado a autoridade mais alta e mais oficial existente na Europa e que, em 1506, o Papa Júlio II emite a bula Praecelsae Devotions que aprovava o tratado e concede aos portugueses o direito sobre todas as terras encontradas ao este.
Anos antes, em 1481 o Papa Xisto IV, através da Bula pontifical Aeterni Regis Clementia garantia o domínio português sobre as Açores e Cabo Verde que em troca havia concedido à Espanha o arquipélago das Canárias que Colombo havia invadido.
A 3 de Maio de 1493, o Papa Alexandre VI – de origem espanhola, descendente da família Bórgia – decretou pela bula Eximia Devotions que as novas terras descobertas situadas a oeste do meridiano a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde pertenceriam à Espanha, e as terras a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal, desde que não estivessem sob domínio de outro príncipe cristão.
No entanto, a bula não agradou ao rei D. João II, que abriu rapidamente abriu negociações com os reis espanhóis Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela para mover a linha mais para oeste, limitando assim as pretensões espanholas na Ásia. O tratado contrariava a bula do Papa Alexandre VI.
A situação mudou com o surgimento do Protestantismo. Com este, a autoridade Papal foi posta em questão. Um bom exemplo desta situação é a frase de Francisco I de França, que, a propósito do tratado, pediu para ver a cláusula no testamento de Adão que excluía a França da divisão de terras.
O Tratado de Tordesilhas assegurou uma vasta parcela do Atlântico como zona exclusiva da Coroa e confirmou também a posição de Portugal na sua rota para a Índia. É com o tratado que é estabelecida a figura jurídica que se conhece por mare clausum, ficando consagrado o direito de as duas grandes potências da época condicionar o direito à navegação por parte de terceiros.
No entanto, o mundo não terá sido dividido em duas partes, como geralmente é afirmado, pois Portugal sai claramente vencedor. O Tratado de Tordesilhas, prodígio da política externa de D. João II, atribui a Portugal um poder que nunca fora atingido antes por qualquer potência. Tordesilhas é o claro exemplo da enorme visão de D. João II.

Friday, June 08, 2007

Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo



Ficou por postar algo sobre a data que se celebrou ontem, dia 7 de Junho.
Em Lisboa, como por todo o país, realizou-se pelas cidades, vilas e aldeias a habitual procissão em honra da Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como "Corpo de Deus".
É uma data que faz parte da história de Portugal. Aqui, a data festeja-se desde o reinado de D. Afonso III, portanto desde o século XIII, apesar de ao longo dos anos, o ritual comemorativo tenha sofrido, várias alterações.
A solenidade conhecida pelo nome de Corpus Christi ou do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, só ganha lugar de relevo na Liturgia em 1246, quando o bispo de Liège instituiu a festa, na sua diocese. Esta primeira “festa oficial” do Corpus Christi surge em consequência das revelações recebidas pela Beata Juliana de Retinne. Pela bula Transiturus (1264), o Papa Urbano IV estendeu a festa a toda a Igreja, como solenidade de adoração da Sagrada Eucaristia. Esta exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60° dia após a Páscoa e forçosamente uma Quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.
Em 1311 e em 1317 foi novamente recomendada pelo Concílio de Vienne e pelo Papa João XXII, respectivamente. Nos primeiros séculos, a Eucaristia era adorada publicamente, mas só durante o tempo da missa e da comunhão. A conservação da hóstia consagrada fora prevista, originalmente, para levar a comunhão aos doentes e ausentes. É neste mesmo ano pela e mesma mão que o rito da procissão é introduzido e instituído. Hoje, a procissão do Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que "onde, a juízo do Bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo" (cân 944, §1). A "comemoração mais célebre e solene do Sacramento memorial da Missa", como dizia o Papa Urbano IV, recebeu várias denominações ao longo dos séculos: festa do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; festa da Eucaristia; festa do Corpo de Cristo. Hoje denomina-se solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, e com a sua comemoração, retirou-se do calendário das festas litúrgicas, a festa do "Preciosíssimo Sangue", que se comemorava a 1 de Julho.

Em Portugal a festividade tornou-se característica e marca cultural. Destaca-se claro a igreja dos Mártires, em Lisboa, que manteve, no decurso dos séculos (e apesar das inovações havidas), o rito da festa com exposição do Santíssimo, Procissão, Vésperas solenes e Sermão.
Desde cedo que, no nosso país, as Câmaras Municipais e as Corporações de Artes e Ofícios acolheram a devota iniciativa, pelo que, a Procissão veio a tornar-se a mais vistosa e interessante de todas, merecendo o título de “Procissão das Procissões”. Constituída por cortejo cívico e corporativo, com carros alegóricos, figuras pitorescas, danças, momices e cenas de autos sacramentais, a procissão demorava horas a caminhar, vindo a constituir tanto um evento religioso como um evento social. A festa atingiu a maior grandiosidade no tempo de D. João V. A Procissão incorporava, desde logo, as associações socioprofissionais e também as delegações das diversas Ordens Religiosas de Lisboa (Agostinhos, Beneditinos, Dominicanos, Franciscanos, Ordem de Cristo...) e militares. No cortejo, avultava a figura de S. Jorge a cavalo e a Serpe, ou dragão infernal (do tipo chinês, locomovido por figurantes), contra o qual S. Jorge lutava.
D. João V chegou a encarregar Vieira Lusitano (pintor português), mal este regressou a Portugal após 7 anos de ausência, de fazer um grande quadro do Santíssimo Sacramento para servir na procissão do Corpo de Deus.
No final do cortejo, vinha o palio, a cujas varas pegavam os mais altos dignitários da Corte e da Câmara. Sob o palio, deslocava-se o Bispo de Lisboa, ostentando a custódia com o Santíssimo Sacramento. Era sempre ladeado pelo Rei ou Chefe de Estado.
Outro dado curioso a salientar, e que ainda mais une a celebração religiosa à nossa história, é o das várias tentativas de realização de atentados contra as figuras régias durante a procissão do Corpo de Deus. Um deles contra a pessoa de D. João IV. Sobrevivendo o monarca ao acto, a sua esposa, D. Luísa de Gusmão, promoveu a construção do Convento dos Carmelitas, na Baixa Lisboeta. Edificado no exacto lugar do falhado crime, foi chamado “Convento do Corpus Christi”. Outro atentado famoso deu-se contra D. Manuel II, perto da Igreja da Vitória, quando a procissão passava na rua do Ouro. Mais tarde, com a primeira republica, vieram também as perseguições religiosas - durante a primeira semana de governo republicano, fazem com que nas prisões de Lisboa estejam encarcerados 128 padres e 233 freiras, tendo sido assassinados dois padres lazaristas – e um exemplo delas é a legislação de 1910, que proibia os dias santos da Igreja (excepto o Natal e o dia 1 de Janeiro), e interrompeu o culto público, embora, nas igrejas, continuassem a ser celebradas missas solenes; e solenes pontificiais nas Sés.

336 anos de Tomaso Albinoni



Tomaso Giovanni Albinoni nasceu em Veneza, a 8 de Junho de 1671.
Foi um compositor barroco.
Filho de um rico fabricante de papel, não pensava em seguir música e muito menos ganhar dinheiro com ela. No entanto, recusou-se a gerir a herança do pai e dedicou-se a compor músicas para violinos, passando a responsabilidade da fábrica para os seus 2 irmaos mais novos. Estreou-se em Munique, 1722 , com fortes aplausos do público.
Na sua época tornou-se famoso por ser compositor de óperas (escreveu mais de 50), mas hoje ele é recordado principalmente pela sua música instrumental. Um exemplo disso mesmo é o seu Adagio em Sol Menor, um andamento anacrónico para órgãos e cordas, que na verdade não passa de uma reconstrução posterior, realizada em 1945 por Remo Giazotto a partir de um fragmento do movimento lento de um trio sonata que ele descobriu entre as ruínas da Biblioteca Estatal. Esta composição musical foi usada com maior notabilidade no filme de 1981 Gallipoli, que retrata a Primeira Guerra Mundial. O Adagio de Albinoni é das obras barrocas mais frequentemente regravadas.



A qualidade da sua música instrumental de Albinoni chegou a atrair a atenção de Johann Sebastian Bach, que escreveu pelo menos duas fugas sobre o tema de Albinoni e constantemente usava os baixos dele como exercícios de harmonia a seus pupilos.

Muito do trabalho de Albinoni foi perdido na Segunda Guerra Mundial com a destruição da Biblioteca Estadual de Dresden. Deste modo, pouco se conhece sobre seus trabalhos e músicas compostas após a década de 1720.

Morreu em Veneza, a 17 de Janeiro de 1751.

Tuesday, June 05, 2007

O Amor Português por Ramalho Ortigão



"Uma vez apaixonado, o português é um enfermo, é quase um irresponsável. Perde a faculdade de estar alegre e de estar atento. Torna-se estúpido e sombrio. Devora-o um ciúme permanente, e para o alimentar promove ele mesmo toda a espécie de crises: mexerica, intriga, mente, calunia; e, para que verdadeiramente ele se convença de que exprimiu ao objecto amado o sentimento que este lhe inspirou, precisa de lhe ter batido."
José Duarte Ramalho Ortigão

(A quem o diz...)

O Vencidismo d' Eça



"Para um homem, o ser vencido ou derrotado na vida depende, não da realidade aparente a que chegou — mas do ideal íntimo a que aspirava. Se um sujeito largou pela existência fora com o ideal supremo de ser oficial de cabeleireiro, este benemérito é um vencedor, um grande vencedor, desde que consegue ter nas mãos uma gaforina e a tesoura para a tosquiar, embora atravesse pelo Chiado cabisbaixo e de botas cambadas."
Eça de Queiroz

Os Vencidos da Vida

Num dos tópicos dos destaques da pagína da SAPO, era apresentado o site e-cultura que propõe como livro da semana Os Vencidos da Vida, da Fronteira do Caos, de 2006; e que nos apresenta este texto, de Guilherme d'Oliveira Martins, como introdução ao livro.



“Os Vencidos da Vida” (Fronteira do Caos, 2006) é uma antologia de textos de e sobre onze personalidades marcantes da vida nacional que nos últimos doze anos do século XIX se evidenciaram na tentativa de regeneração de Portugal. Normalmente, o seu exemplo é apontado como um sinal de desalento e de impossibilidade, mas se nos ativermos aos elementos mais marcantes do grupo – Eça de Queiroz, Oliveira Martins e Ramalho Ortigão – poderemos verificar que há, no essencial, uma recusa de fatalismo e de qualquer ideia de condenação inexorável e trágica do país ao atraso.

Recorde-se que o grupo, que costumava reunir-se para jantar no Hotel Braganza ou no Restaurante Tavares, a partir de 1888, era formado, além dos três referidos, por Guerra Junqueiro, António Cândido, Carlos Mayer, Carlos Lobo de Ávila, Conde de Arnoso, Conde de Ficalho, Conde de Sabugosa e pelo Marquês de Soveral. Nasceu da tomada de consciência de que o rotativismo partidário estava gasto e da esperança de que o jovem herdeiro da coroa, D. Carlos, poderia mudar o curso dos acontecimentos num sentido reformador.

Havia intelectuais, jovens políticos e palacianos, e esta convergência baseava-se na necessidade de jogar em vários tabuleiros, ora na reforma das instituições e dos partidos políticos, ora na afirmação de uma vontade mobilizadora ao mais alto nível, para que a sociedade pudesse beneficiar. António Cândido dirá: “A ideia da formação do grupo surgiu, um dia, espontânea, imprevista, entre uma colherada de doce e uma gargalhada de champanhe no restaurante Tavares, na Rua Larga de S. Roque.

Oliveira Martins lembrara o título Vencidos da Vida, que todos aplaudiram, e, pouco depois, o Conde de Sabugosa compunha uns versos que, com música da Rosa Tirana, constituíam o hino do nosso grupo”. Houve mesmo quem, na "Lisboa, desconfiada", farejasse "ali uma seita de fundibundiários, rubros como as papoilas, que irreverentemente se dispusesse a correr à pedrada as suas tradições mais gratas". Mas os convivas apenas desejavam que o país pudesse ter um sobressalto de vontade.

O "vencidismo" longe de querer existir como um qualquer derrotismo, pôde ser, para muitos dos seus protagonistas, uma réstia de vontade de quem ironicamente invocava a expressão franca “battus de la vie” para tentar promover uma redenção. E a ideia não vem só desse ano de 1888, no início dos jantares, vem da "Vida Nova" e do jornal "A Província" (assim chamado para lembrar um apelo do país mais genuíno), no Porto, poucos anos antes, e ainda, para trás, da sementeira lançada nas Conferências Democráticas de 1871. Silva Gaio, certeiramente, fará, aliás, o retrato da situação: "num meio estreito de ideias, intolerante e preconceituoso, enredado em miúdos prejuízos – Os Vencidos encarnavam a largueza de vistas, a tolerância generosa, a independência crítica, à luz da razão clarividente”. Aliás, se Antero de Quental não fez parte formalmente da confraria, o certo é que o seu espírito esteve sempre presente nesses ágapes míticos, e chegou mesmo a jantar quando partiu para os Açores na derradeira viagem.

Se virmos bem muitas das críticas que rodearam o grupo jantante, a verdade é que não são fundamentadas séria e seguramente, são, tantas vezes, gestos de despeito e ressentimento – ora porque havia muitos palacianos, esquecendo, por exemplo, que Ficalho era tudo menos um fútil; ora porque havia um jogo político dissimulado, como se fosse pecado pugnar activamente pela auto-reforma do sistema; ora porque não houvesse um programa político claro, quando em várias ocasiões esse programa, a um tempo socializante e disciplinador, era bem conhecido dos mais informados… Oliveira Martins afirma, ironicamente: "a única obrigação que o partido me encarrega de contrair para com o país, o único compromisso que toma solenemente, é o de continuar a jantar com alegria, uma vez cada semana, rindo-se o menos possível dos seus patuscos inventores". Mas o que irritava alguns críticos era que este grupo se designasse de vencidos quando era constituído por vencedores. E nesta contradição aparente, de recorte sardónico, está a chave do grupo e da sua vocação.

Não era um partido, mas o ponto de encontro de um grupo de pessoas, com provas dadas, que recusavam o derrotismo, já que se não fosse esta a atitude seria melhor partir para o exílio do esquecimento ou da acomodação. E se virmos bem, a verdade é que esse grupo de ideias tinha razão em persistir, uma vez que viria a marcar fortemente todo o século XX. Leia-se o programa da "Revista de Portugal", de Eça de Queiroz, e compreenda-se o alcance da intenção dessa plêiade: "Uma nação só vive porque pensa – cogitat ergo est". E se o público recusasse, a obra teria de "deperecer e desaparecer – deixando de novo reinar, por sobre tanta coisa que necessitava ser atendida e alumiada, a escuridão e a indiferença"… A passagem de um século para outro viria a ser fortemente dominada pela sombra forte dessa geração excepcional. E o novo século XX não pode ser entendido sem o delinear dessa influência de quem não desistiu de pôr a nação a pensar.

"A Águia" e a "Renascença Portuguesa", de Pascoaes ou de Cortesão, procuraram seguir esse desafio forte. O "Orpheu" de Pessoa e de Mário de Sá Carneiro perscrutaram os caminhos da modernidade e do futurismo a partir da mesma consideração crítica do que éramos. A "Seara Nova" de Proença, Cortesão e António Sérgio partiram também do magistério de Antero e das gerações que este iluminou e influenciou. E a "Presença" de Régio e Casais Monteiro pugnou pela "literatura viva", lembrando a lição da exigência e da abertura que vinha da escola crítica do fim do século. Joaquim de Carvalho, Eduardo Lourenço e o ensaísmo moderno têm de ser lidos igualmente a essa mesma luz. Do que se trata, no fundo, é de dizer que só seremos melhores se formos serenamente críticos.

Guilherme d'Oliveira Martins

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