Thursday, June 28, 2007

Efemérides de 25 de Junho: De Gaudí, passando pelos Beatles a Moçambique

É possível não se considerar um dia Português no mês de Junho. Antes pelo contrário é um dia vulgar, com pontos altos e baixos, sendo os mais baixos penosos para Portugal e os mais altos de orgulho para o nosso vizinho peninsular. No entanto, apesar de ser um dia que não deixa de marcar a história de Espanha (de forma indirecta), o valor do nascimento deste dia é essencialmente artístico, e como esse valor se estende a todos os cantos do mundo e aos olhos de todos os que aqui vivem, eu penso que também nós beneficiámos deste dia (também de forma indirecta obviamente).

1852: Nasce a 25 de Junho Antoni Placid Gaudí i Cornet, que ficou conhecido na história por Antoni Gaudí ou simplesmente Gaudí.



Foi um arquitecto catalão, que se fez notar pelas inovações artísticas que promove no seu tempo, como os seus arcos parabólicos, a sua introdução de novos materiais, formas e cores.
Os seus trabalhos revelam claras influências da arquitectura gótica e da arquitectura catalã tradicional. Fortemente influenciado pelo arquitecto francês Eugene Viollet-le-Duc, Gaudí foi responsável por promover o retorno às formas góticas.
Ridicularizado pelos seus contemporâneos, Gaudí encontrou no empresário Eusebi Güell o parceiro e cliente ideal, tendo-se tornado este o seu mecenas. É com ele e através dele que contactará com a chamada "Arte Nova".
Procurou toda a vida um estilo próprio de que são exemplos as casas Batlló e Milá, que apesar de actualmente serem referências de monumentos e obras de arte de Espanha, não deixaram de ser duramente criticadas e consideradas enormes aberrações de Barcelona.



Gaudí foi um fervoroso nacionalista. Chegou mesmo a ser preso por falar em catalão numa situação considerada ilegal pelas autoridades.
A sua vida dá grandes voltas e denota-se uma enorme dicotomia entre a sua juventude e a idade adulta. Gaudí trabalhou essencialmente em Barcelona, a sua terra natal, onde havia estudado arquitectura. Originário de uma família não muito abastada, Gaudí tinha como objectivo de vida durante a sua juventude alcançar a riqueza; no entanto no final da vida esse desejo havia sido desaparecido, esquecido ou mesmo ignorado por completo. Em jovem aderiu ao Movimento Nacionalista da Catalunha e assumiu algumas posições críticas face à igreja; no final da sua vida dedicou-se exclusivamente à religião católica. Um sinal disso é o a construção da Catedral da Sagrada Família (1884-1926), a sua obra mais conhecida e admirada, em que concentrou todos os seus esforços nos seus últimos 12 anos de vida, e que nunca foi concluída.



Antoni Gaudí morre (curiosamente) no dia 10 de Junho (Dia de Portugal) de 1926.
Desde 1992 encontra-se em funcionamento um movimento a favor da beatificação de Gaudí.


1967: 1ª Transmissão Mundial Televisiva ao vivo, via Satélite, através do canal BBC para 26 países do mundo. E o que foi que transmitiram? Ora... os Beatles está claro.




1975: Independência de Moçambique



Território Português desde 1478, Moçambique torna-se independente a 25 de Junho de 1975. Depois da guerra colonial que durou cerca de 10 anos, Moçambique conquista a sua independência na sequência da revolução de abril e, a seguir à qual, o governo de Portugal assina com a Frelimo o acordo de Lusaka.
O conteúdo do Acordo de Lusaka, em duas páginas nem merece ser transcrito. Como dizia Camilo Sarmento Caveiro, foi «apenas o reconhecimento oficial da Frelimo como representante do "povo" de Moçambique, o reconhecimento à independência, à criação de órgãos políticos de transição, os procedimentos administrativos, e pouco mais».
E o acordo teminava com a frase "O Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique felicitam-se pela conclusão do presente Acordo".
«Felicitam-se, na sua torpeza, pela aleivosa conclusão deste abominável acordo... Deveriam felicitar-se também pelos "brilhantes" resultados.
Era demais!
E nem uma palavra de garantia sobre a segurança dos residentes portugueses e seus bens, a salvaguarda da sua cultura e seus valores, e a de outros residentes imigrados das diversas partes do mundo. Que no conjunto seriam para cima de um milhão. Nem dos autóctones que eram cerca de sete milhões. E tudo feito em nome do povo. Partindo de um principio, de uma base, que era uma rotunda falsidade: a de que a Frelimo era realmente a representante do povo ou povos, e tantos são, de Moçambique. E por outro lado partindo de outra falsidade, a de que os signatários do acordo representavam o estado português, enfim, Portugal.
Seria despiciendo perguntar a Mário Soares, a Almeida Santos, a Melo Antunes e aos demais títeres, quem lhes conferiu poderes, competência, legitimidade, autoridade ou o que fosse para em nossos nomes subscrever aquele acordo?»

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