Se há coisa que gosto na manhã é o Silêncio.
Se existe, existe na madrugada.
Durante o dia cala-se e deixa o ruído governar.
Depois manda-o deitar
E chega a sua vez de comandar.
Oh, e sabe tão bem!
Durante o dia há a ventania,
Ou a chuva da melancolia,
Há a televisão do vizinho
Com as historias de um desgraçadinho,
Há a rádio de um homem sozinho,
Geralmente Velhinho,
Acompanhada pelo chilrear de um passarinho.
Há o bafar de um cachimbo,
Ou a euforia do "bimbo" a festejar o golo da sua equipa.
Há a histérica "madame" com o seu género peculiar,
Ou a ex-peixeira que fala sempre a gritar.
Há carros, motas, táxis, camionetas e afins,
Há milhões de pessoas que não olham a meios para alcançar fins.
Há o eléctrico da Estrela,
Há o automóvel do sapateiro,
Há barulho. Há barulho!
Há barulho no mundo inteiro.
Há gente.
Gente que sente.
Gente que faz sentir.
E que como não sabem onde querem ir,
De madrugada preferem ficar a dormir.
1 comment:
Lourenço, todos estes poemas são escritos por ti?
Não sabia que tinha um "Grande Poeta Português" na família.
Keep publishing them, Brave Lory!
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