Passos Coelho entristece-me.
De candidato sem passado, de candidato sem pedra no sapato, sem pedra que lhe pudessem arramessar, desatou, numa sede de protagonismo, a criar e a lançar propostas e ideias para o nosso querido país, que como sempre, tem de tocar nos valores morais em que a sociedade se baseia. Propostas essas que não têm qualquer sentido e cuja defesa se encontra a cargo de certos argumentos que de nada valem, nem pela demagogia.
Para além disso diz-se candidato. Coisa estranha essa. Candidato é aquele que aspira a algo. Neste caso, presumo que seja a liderança do PSD. Mas eu até já admito que ele se tenha enganado, talvez tenha concorrido a outra coisa e está ali por engano. É que não se admite como um candidato que quer ser oposição pergunte a um adversário seu se acha que o que está a dizer é certo ou errado. Como não se admite também que, numa corrida a três, onde eu acredito que ele irá no final ocupar o terceiro lugar, em discurso nas vésperas das eleições um homem admite ganhar, sabendo ele que só há dois caminhos possiveis: primeiro o de um dos adversários (e vocês sabem bem a quem se referia ele), depois o dele. Ainda bem que ele sabe que a dele não pode ser a primeira opção para o PSD, e muito menos para o País.
Para mim, Manuela Ferreira Leite é igual a Sócrates. Tirar um para por o outro é virar o disco para tocar o mesmo.
Santana Lopes surge como o "Catman": tem como se vê, 7 vidas. Pelo menos na política.
Há boa maneira de Churchill, é sempre bom lembrar-mo-nos:
"A Política é quase tão excitante quanto a guerra, e quase tão perigosa. A diferença é que na guerra só se pode ser morto uma vez, enquanto na política se pode morrer muitas vezes"
Valem-lhe os dotes oratórios.
2 comments:
Caro Lourenço,
«Para mim, Manuela Ferreira Leite é igual a Sócrates. Tirar um para por o outro é virar o disco para tocar o mesmo.»
Não concordo. Existe, pelo menos, e sem prejuízo de outras bastante assinaláveis, uma diferença fulcral: não consta do projecto de Fereira Leite a chamada agenda dos costumes, que se traduz na liberalização do aborto (já em vigor), na equiparação do estatuto das uniões entre pessoas do mesmo género ao casamento, na sua legitimidade para adoptar, na criação de salas de chuto, na consagração do direito à eutanásia, etc.
Estes são problemas que têm que ver não apenas com a nossa capacidade de ser, criar e intervir enquanto país e povo (na minha opinião, há muito inexistente - recordemos Carlos da Maia: "Creio que não há nada de novo em Lisboa, minha senhora, desde a morte do Sr. D. João VI"), mas que respeitam à génese da própria civilização em que nascemos e que contribuímos para edificar. Porque também na véspera da queda do Império Romano o que chocava os melhores observadores era, entre outras coisas, a dissolução dos costumes. Era, aliás, principalmente a dissolução dos costumes.
Um abraço
Sim. Eu também, como sabes, partilho dessas ideias. Mas o que me interessa agora, e o que eu pretendia que ficasse claro na cabeça das pessoas é que mesmo que ela ganhe as eleições, nem o aborto vai voltar a ser proibido, nem esses temas vao deixar de ser debatidos por razão nenhuma. Porque aliás o PSD é uma barafunda tão grande que há de certo uma multidão de filiados, senão mesmo dos mais importantes, que defendem essas ideias todas, como o próprio Passos Coelho, que tão amigo se mostra de Manuela.
Quando digo que ela e Sócrates são iguais, falo de política financeira, que é a que de facto importa neste momento. Todas essas alterações de costumes, hoje, não são mais do que fogo de vista, de que se fala e discute com o objectivo de desviar a atenção das pessoas do principal problema, e que maior peso tem causado ao governo: as finanças e os impostos.
E Manuela Ferreira Leite, neste campo, não está muito bem cotada para quem anseia pela governação de um país.
Um Abraço
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