Wednesday, April 30, 2008

A Igreja e O Estado, pelo Prof. Manuel Cavaleiro Ferreira

Morreu a 27 de Abril de 1992(fez à poucos dias 16 anos) o Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Manuel Cavaleiro Ferreira.



"A separação da ordem temporal é uma conquista do cristianismo.
Mas nem por isso deixará de ser deturpada na teoria e na prática, mesmo nas sociedades cristãs. O erro é, na maioria das vezes, uma sombra da verdade.
O século XIX assistiu à vitória incontestada do individualismo como doutrina política. O Estado tomou por toda a parte as características do Estado liberal.
A liberdade do homem assenta nas verdades cristãs. O homem não se esgota na qualidade de quaisquer sociedades política ou não política, porque o seu destino ultrapassa o das sociedades terrenas que o envolvem. Filho de Deus para Deus caminha e a Ele regressa, pela sua vida e pela sua morte.
A pretensão de o sujeitar a uma disciplina humana omnicompreensiva de todo o seu destino equivale a destitui-lo da sua filiação divina encorporando na peregrinação terrena os fins de vida eterna.
E no entanto foi a liberdade individual o pendão da revolução na estrutura do Estado que o individualismo empunhou. Como pôde um princípio da liberdade atacar a fonte da verdadeira liberdade?
É que, no individualismo, a sociedade, e com ela o Estado deixará de ter uma fundamentação moral: a única realidade seria o próprio indivíduo, desligado da sociedade a que naturalmente pertence.
A Revolução Francesa, se por um lado proclamou o direito à luta contra a opressão e a plena exteriorização da liberdade individual, retirou, por outro lado, todo o fundamento moral à vida colectiva e ao Estado. O Estado seria apenas o guardião da liberdade individual, esta mesma, por sua vez, fim de si própria.
Em tais condições a vida social teria de ser orientada pelo princípio pragmático do interesse individual, cuja coexistência com os demais interesses individuais importava exclusivamente assegurar.
O homem concebia-se a si mesmo, como supremo dispensador de benesses, uma liberdade, como instrumento e como fim.
Afastada, porém, a base real e moral da própria liberdade, esta deveria destruir-se a si mesma. Os dois princípios da proclamação e da destruição da liberdade, pode por isso encontrar a sua origem na mesma Revolução."




O Professor tem um site a si dedicado com notas biográficas, e várias das suas obras e publicações.
Aconselho a todos visita (principalmente a Juristas).

Monday, April 28, 2008

A Alegria de haver Afinidades

Sem me surpreender, pois sabia que não se iria esquecer, também não deixo de postar hoje sobre a efeméride do dia. Não em jeito de culto saudosista, mas parece-me sempre irónico acabar de postar sobre o 25 de Abril e agora postar sobre Salazar, em mais um aniversário do seu nascimento.



«Ensinai aos vossos filhos o trabalho, ensinai às vossas filhas a modéstia, ensinai a todos a virtude da economia. E se não poderdes fazer deles santos, fazei ao menos deles cristãos»

«…as liberdades interessam na medida em que podem ser exercidas, e não na medida em que são promulgadas
»


Frases retiradas, claro está, do maior museu temático do país.
(em jeito de homenagem)

A Alegria de haver Afinidades

Por último mas muito mais importante, é o relembrar de uma data que devia ser comemorada em todo o mundo: o aniversário do nascimento de S. Vicente de Paulo a 24 de Abril. O Santo da Caridade, cuja vida e obra influenciou a do Beato Frederico Ozanam, um dos meus heróis, e a quem dediquei, num passado recente, um pequeno post.



A ler!

A Alegria de haver Afinidades

Mais uma coisa que só se encontra no Réprobo!

Sunday, April 27, 2008

A Alegria de haver Afinidades

O Nosso Réprobo habituou-nos a qualidade. Eu, que gosto de visitar a sua casa neste mundo blogosférico, surpreendo-me sempre que lá entro.
Por isso, e como o meu tempo tem sido curto para me dedicar a estas lides, inicio uma pequena serie de post, sobre alguns dos seus últimos escritos, e que a mim me fizeram nota o quão é bom haver Afinidades.
E por aqui começo.

É um facto que d'esta "vitória de Abril" eu também gosto! Pena é que a nossa(da nossa história é o que se pretende expressar)revolução de Abril não tenha terminado com uma vitória destas!



Se a revolução de Abril fosse assim, eu também tinha ido "para a rua gritar", sem que me obrigassem(ao contrário do que música professava).

(A senhora na imagem chama-se mesmo Victoria Abril, e é uma actriz espanhola)

Friday, April 25, 2008

25 de Abril de 1974, por Joaquim Paço d'Arcos

25 de Abril de 1974
Duzentos capitães! Não os das caravelas
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira! (Ó esfera armilar, que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora…
Duzentos capitães destes de agora (pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é o dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços (milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça.
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d’ignomínia…
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!


(atrevo-me a postar de novo este poema, desta vez mais inserido no contexto em que foi feito. Por essa razão me pareceu apropriado fazê-lo)

Há comparação?

Ontem, num programa televisivo do qual vi 20 minutos no total - pois sempre que lá parava ouvia desgraça - e que segundo sei se initula "O Corredor do Poder", ouvi um sujeito (que desconheço, mas se bem me lembro, era o representante do PS) dizer que se devia festejasr "devidamente" o 25 de Abril em deterimento do dia 10 de Junho.
Pode ser só confusão minha, mas como me parece ter ouvido bem, acho justificável a minha perplexidade.
Fica o confronto:



Quem saíra vencedor?

Digamos que o Camões já parte em desvantagem devido ao novo acordo ortográfico...

Thursday, April 24, 2008

Finalmente os Jornais começam a dar-lhe atenção

E eu bem sei que o propósito foi a Memória do Cónego Melo Peixoto, mas este facto pode já ser um grande sinal de que os "Média" começam a ler o que realmente tem qualidade e interessa.



Este pode - e particularmente espero que - seja o ponto de partida.

Monday, April 21, 2008

Centenário do Professor Paulo Cunha

Celebra-se este ano os 100 anos do nascimento do Prof. Dr. Paulo Cunha, advogado, professor Catedrático de Ciências Jurídicas, procurador da Câmara Corporativa na secção da Justiça, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Embaixador, autor de diversos livros e opúsculos sobre assuntos jurídicos, volumes de lições universitárias e artigos publicados em revista de Direito.
Foi o único que obteve a classificação de «muito bom» na prova escrita do concurso para o cargo de Professor Extraordinário da Faculdade de Direito de Lisboa, sendo só igualado em 1956 pelo Prof. Dr. Pedro Soares Martinez.



É engraçado vê-lo hoje ser recordado por alunos seus, como é o caso do Prof. Dr. António Menezes Cordeiro, também Catedrático e outro génio do Direito, nas vésperas da comemoração do seu centésimo aniversário.
Lembre-se que o Prof. Paulo Cunha nasceu em Setembro de 1908, pelo que no mesmo mês do corrente ano devem ser publicados os respectivos estudos comemorativos que ainda se encontram em preparação. Para já ficamos com o capítulo da autoria do Prof. Dr. Menezes Cordeiro, intitulado Da Confirmação no Direito Civil.
Uma obra de grande interesse para qualquer jurista.

Saturday, April 12, 2008

Há coisas fantásticas não há?

Sempre gostei de conhecer criadores de arte.
Os chamados artistas. Não sei porquê, mas fascinam-me de uma forma imensa. Especialmente os músicos.
E não o compreendo por um motivo simples. Atente-se o exemplo: a música é universal. Não há ninguém que não goste dela. Cada um com o seu tipo ou género. Mas todos a ouvem, e cada um pinta na sua imaginação o quadro que mais lhe flúi ao sentir a vibração de cada nota que vai saindo de um instrumento. E talvez seja isso que as surpreenda, e que as atrai: a capacidade de individualizar o que é público e mundialmente conhecido. Mas muitas vezes isso fá-los ignorar quem as cria, ou então, pelo contrário, isso provoca um desejo incessante de os conhecer e querer segui-los de forma obsessiva e cega.
Mas cada música terá o seu propósito. A sua razão de ser. O seu motivo. Eu busco-o sem dúvida, mas temo não o alcançar. Certamente não o saberei interpretar objectivamente, e deixo-me levar pelo relativismo geral que fascina a maioria. No fundo o que ouço é também apenas meu, e corresponde a uma mera situação que idealizei.
Mas aquelas notas que me tocam profundamente levam-me antes de mais à procura da sua fonte: inicia-se a busca pelo seu criador. Deve ser fantástica a mente de um músico! Sinceramente deve ser espectacular. A capacidade de percepção da realidade que deve ter devem ser de tal forma superiores à minha, que lhe permite captar bem o que sente para depois transmiti-lo. É o saber ler a realidade e saber expressá-la.
É isso que me deixa fascinado. É essa raridade. É o dom deles.
Hoje, 12 de Abril de 2008, o David Fonseca toca no Coliseu de Lisboa.
E eu, que não poderei estar presente, contento-me com reflexões sobre música - onde a sua, para mim, tem grande relevo.

Friday, April 11, 2008

Conversas no Turf em torno de Os Vencidos da Vida

Uma obra em falta, dedicada aos "Vencidos" que pertenceram ao histórico Turf, realizado por descendentes seus e sócios do referido clube.



Sinopse:

Em 2007 completaram-se 120 anos do aparecimento dos “Vencidos da Vida”, grupo de onze intelectuais e políticos que marcou significativamente a vida social e política da época (1887-1894).
O Turf Club organizou neste ano um ciclo de oito conferências, relativas a sete desses amigos que fizeram parte do Turf – o conde de Ficalho, António Cândido, o marquês de Soveral, Carlos Lobo d’Ávila, o conde de Arnoso, Carlos de Lima Mayer e o conde de Sabugosa – e de um outro sócio que foi considerado Vencido “honorário” – Hugo O’Neill. O ciclo de conferências foi iniciado com uma Introdução de Filomena Mónica.
Perante a crise política e moral que se vivia na época, entendiam os onze “Vencidos da Vida”, que se reuniam regularmente no velho Hotel Bragança que, sem pretenderem ter uma afirmação ideológica precisa, era necessário uma intervenção determinada que trouxesse uma regeneração da vida política nacional desenquadrada do apodrecido rotativismo partidário.

Salazar - O Outro Retrato



A afabilidade em privado foi a característica e Salazar mais realçada na sessão de apresentação do livro "os meus 35 anos com Salazar", um relato de Maria da Conceição de Melo Rita - em livro escrito pelo jornalista Joaquim Vieira - que apresenta o ditador na sua intimidade.
"Salazar era um homem bom", foi assim que José Hermano Saraiva, historiador e ministro da Educação do Estado Novo, definiu o homem que durante mais de 30 anos governou Portugal.
Para o historiador, "a História é feita de patranhas e mentiras", e aquilo que sobreviveu até hoje foi uma imagem implacável de Salazar, o que no seu entender, não é verdade, acrescentando que "à medida que o tempo passar o nome de Salazar será cada vez maior".

Tuesday, April 01, 2008

Acerca do República vs Monarquia do Mês Passado no Prós e Contras

E não é que o meu colega de outras aventuras blogosféricas se saiu com esta:

Não podemos esquecer que um Rei mesmo só reinando e não governando como em Espanha, une antes de mais a população e reafirma a identidade cultural e histórica de um país.

É o que dá os atrasos!

Como não me apetece copiar o post, reencaminho o visitante interessado a um site especializado na matéria: A 5ª Ordem.
E isto tudo porque fez em Abril, mês em que este blog só viu um post no corrente ano, 50 anos que a grandiosa Maria Callas pisou o palco do Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa.



(para ler, visitar o local de onde provém a imagem)