Sunday, September 23, 2007

Um dia para esquecer

Hoje, um dia para esquecer!

Os Exemplos Propostos



O esforço e empenho de tantos portugueses para que Aquilino Ribeiro não entrasse no panteão nacional foram em vão.
E é pena que assim seja.
Aquilino Ribeiro entrou, e certamente entrou para lá ficar.
E é nestes momentos que a história se torna um pouco estranha, mesmo obscura, para qualquer cidadão vulgar e comum como eu.
Aquilino poderá ter sido de facto um grande escritor. Não nego o seu talento para escrever, mas Aquilino não se resume a esse poder, que de facto tem valor.
Aquilino era mais que um escritor. Era um português que se envolveu em revoltas politicas, era um maçon que participou de forma assumida num atentado bombista e no regicídio.
E isso são factos que não podemos ignorar só por se tratar de um homem talentoso na área da escrita.
Questionarmo-nos para que serve afinal o panteão, é algo pertinente nos dias de hoje.
Porque se serve apenas para homenagear homens talentosos, haverá muitos que ai faltam; se serve para construir uma memória histórica, e nele habitariam as suas grandes figuras, então teríamos que ali colocar mais meio mundo para que a história não se tornasse facciosa; se serve de mera homenagem, é triste reparar, que tantos escritores de tamanho talento e amor à pátria ficam esquecidos, enquanto estes (este, Aquilino, particularmente) são de novo lançados, e impingidos aos jovens, como se fossem personagens históricas cheias de virtude e de valores.
E faz ainda mais sentido questionarmo-nos quando vemos o que está escrito no Wikipédia sobre este tema, onde o autor do artigo deixa em tom de proposta, a seguinte ideia: "A presença do túmulo de António Óscar de Fragoso Carmona no mesmo local onde está sepultado Humberto Delgado não deixa de ser paradoxal, apesar de ainda não ter sido feito nenhuma proposta para a trasladação do primeiro para outro local."
Carmona já lá estava antes de Delgado. E digamos também que fez mais pela nação que o "General Sem Medo".

Friday, September 21, 2007

De Regresso (a meio gás) com Eça



"O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza desse rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!
Algum opositor do atual governo ?
Não!"

Eça de Queirós, 1871

Saturday, September 08, 2007

Nem de propósito II



Relendo antigos posts d'O Futuro Presente, recordei (parece que ando muito dado a recordações) uma pequena discussão que tive com alguns amigos sobre o Estado Novo.
Ora as pessoas não eram uns infelizes após o resultado eleitoral de 1933, nem havia falta de vontade em aceitar o Estado Novo, pois como dizia o Prof. Jaime Nogueira Pinto, "depois da desordem permanente da Primeira República, a aspiração de ordem, de disciplina social, de autoridade, era dominante na sociedade portuguesa".
E uma prova disso é este cartaz de Almada Negreiros, que apela ao voto afirmativo na Constituição de 1933.

Nem de propósito



Depois de ler esta notícia e de constatar que independentemente das cor política que concentra o poder, o desastre educativo continua, pois nunca se reforma o essencial, apesar de essa ser sempre uma bandeira politicas nas campanhas, recordei as belas palavras de Salazar que, curiosa ou infelizmente, revelaram uma actualidade tremenda.

"Uns atribuem a nossa decadência às crises políticas, outros ao avanço da ideia republicana, outros aos deputados, outros aos ministros, outros às influências árabes, para não irem mais longe buscar as influências célticas...(...) Eu também não sei qual é a causa, mas são as ideias que governam os povos, e são os grandes homens que têm as grandes ideias. E nós não temos homens; e não temos homens porque não os formamos, porque não nos importaram nunca os métodos de educação"

"Tenho a convicção de que a política só por si não pode resolver os grandes problemas que nos cercam, e que é um erro grave por toda a esperança numa evolução ou na modificação do seu curso normal.
Estou convencido de que a solução se encontra muito mais em cada um de nós do que na cor política dos ministros. Trabalho conforme as minhas forças para fazer dos meus alunos homens na mais alta concepção da palavra, e bens portugueses como é necessário para que Portugal continue a engrandecer-se"

Homenagem Póstuma